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1º de Maio: Lula contorna críticas, mas ouvirá reclamações sobre mínimo

Lula é aplaudido por sindicalistas em ato de apoio durante a campanha em 2022 - Ricardo Stuckert
Lula é aplaudido por sindicalistas em ato de apoio durante a campanha em 2022 Imagem: Ricardo Stuckert

Do UOL, em Brasília

30/04/2023 04h00

O presidente Lula (PT) conseguiu segurar as críticas à proposta de aumento do salário mínimo por parte dos sindicalistas, mas não será poupado de reclamações no ato de 1º de Maio.

O que aconteceu?

Na quinta (27), o governo anunciou que elevará o salário mínimo para R$ 1.320 no dia 1º de Maio por uma nova medida provisória. O reajuste de R$ 18 garante um aumento real de 2,8% em 2023 —mas as centrais sindicais esperavam mais.

O aumento real do salário mínimo anualmente —como ocorreu em seus primeiros mandatos— foi uma das promessas de campanha. Durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), o reajuste real ficou estagnado.

Aos sindicalistas, Lula tem dito que isso é o que é possível fazer. As centrais, grandes apoiadoras do petista, dizem entender a situação, mas não descartam críticas e cobranças durante a gestão e na comemoração do Dia do Trabalho, amanhã (1º).

A participação de Lula no evento tradicional no Anhangabaú, no centro de São Paulo, não está na agenda oficial, mas é esperada pelos organizadores.

Foi o que deu

Lula recebeu lideranças das centrais sindicais no Palácio da Alvorada na quinta (27) para discutir o salário mínimo. Em fevereiro, o governo foi criticado pelas centrais ao anunciar o aumento. Elas pediam um valor de R$ 1.382,71.

É a força dos trabalhadores que movimenta a economia brasileira. Não iremos nos contentar com a proposta atual nem aplaudir quem nos está lesando."
Sergio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em carta em fevereiro

Na presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho), Lula explicou às lideranças das cinco maiores centrais sindicais que a proposta não era a esperada, mas foi a possível e apresentou o programa de valorização.

A política de valorização prevê a combinação de correção da inflação somada ao percentual de variação do PIB de dois anos anteriores ao do reajuste. A base é o INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).

A previsão para o mínimo em 2024 é de R$ 1.389. A expectativa é que, com o retorno da política de valorização do salário mínimo, o piso seja reajustado anualmente para ganhos reais, ou seja, além da inflação.

O governo só não deixou claro de onde virá o dinheiro para bancar o aumento, que deve ficar em torno de R$ 5 bilhões.

Na reunião, as lideranças sindicais apontaram que esperavam que o governo surpreendesse e anunciasse um aumento ainda maior no evento. Haddad entrou em cena e disse que não seria possível.

Se a política [econômica do governo petista] não tivesse sido interrompida [na gestão Michel Temer], o salário mínimo estaria em R$ 1.391. Então, as centrais queriam recuperar essa diferença. O governo argumentava que, nesse momento, do jeito que assumimos o governo, com a economia no patamar que está, não era possível fazer essa recuperação."
Luiz Marinho, após reunião com sindicalistas

Lula usou argumentos semelhantes no encontro e, na última sexta (28), tratou o tema publicamente durante o anúncio do reajuste para servidores públicos.

As pessoas precisam compreender que nós estamos numa fase de reconstrução de um país que foi desmontado. Vocês não têm noção o desmonte que nós encontramos nesse país."
Lula, a servidores públicos

Com apoio e críticas

Ao UOL, sindicalistas disseram que Lula conseguiu contornar a questão, por ora. Lideranças políticas e sindicais dizem que o apoio ao presidente e ao governo segue irrestrito, mas isso não significa que vão abrir mão das críticas.

O ponto para os sindicatos —origem política de Lula nos anos 1970— é que eles têm confiança no presidente, e sua palavra tem bastante valor. Eles também têm proximidade com Marinho, que também veio da luta sindical no ABC paulista.

Dos mais distantes, como Força Sindical, aos mais próximos, como a CUT, eles alertam que a cobrança não cessará.