PF vê indício de que Bolsonaro determinou certidão de filha com dado falso
A Polícia Federal afirmou em representação enviada ao Supremo Tribunal Federal que há "fortes indícios" de que a inclusão de informações falsas sobre a vacinação da filha mais nova de Jair Bolsonaro (PL) podem ter sido realizadas "por determinação de seus pais" — o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle.
O que aconteceu
Para a PF, o casal tinha ciência de que os dados eram "ideologicamente falsos", mas, mesmo assim, um certificado de vacinação foi emitido em nome de Laura um dia antes da viagem da adolescente, hoje com 12 anos, para os Estados Unidos.
O documento de Laura também teria sido falsificado para fazer parecer que ela tinha se vacinado contra a covid, segundo a PF, assim como ocorreram as inserções falsas relacionadas ao cartão de Bolsonaro.
A PF relembrou que Bolsonaro afirmou ao longo da pandemia que não vacinaria a própria filha contra a covid-19; hoje, ele repetiu que não levou a menina para ser vacinada. Em nota, sua defesa disse que a filha do ex-presidente foi "proibida de receber qualquer imunizante em razão de"comorbidades preexistentes."
O que disse a PF
A contextualização dos dados apresentados, considerando as manifestações públicas do ex-presidente da República Jair Bolsonaro de que não vacinaria sua filha [...] contra a covid-19 demonstram fortes indícios de que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para a adolescente, por determinação de seus pais"
Obviamente, Jair Messias Bolsonaro e Michelle Firmo Bolsonaro têm plena ciência de que os dados de vacinação em nome de sua filha menor de idade são ideologicamente falsos. Ainda assim, o certificado digital de vacinação contra a covid-19 foi emitido no dia 27/12/2022, em língua inglesa, na véspera da viagem da adolescente para os Estados Unidos da América"
Presidente ficou "inerte", diz investigação
Segundo a PF, as provas colhidas na investigação indicam que o ex-presidente e dois assessores próximos, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e Marcelo Costa Câmara, teriam tido ciência do esquema fraudulento de inserção de dados falsos no sistema.
A PF aponta que a conduta criminosa pode ter sido realizada "com o objetivo de gerar vantagem indevida" para Bolsonaro.
Mauro Cid é apontado como um dos principais arquitetos do esquema fraudulento, que buscava garantir certificados de vacinação falsos para o ex-presidente e seus aliados.
Os elementos informativos colhidos demonstraram coerência lógica e temporal desde a inserção dos dados falsos no sistema SI-PNI até a geração dos certificados de vacinação contra a covid-19, indicando que Jais Bolsonaro, Mauro Cesar Cid e, possivelmente, Marcelo Costa Camara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento"
Polícia Federal
Acesso do Planalto
A PF apontou provas ainda de que, após a inserção fraudulenta das informações no registro de Bolsonaro, o perfil do ex-presidente acessou a plataforma Conect-SUS para emitir um certificado de vacinação, e que um dos acessos foi feito da rede do Planalto
Segundo a investigação, os dados falsos de Bolsonaro e da filha oram inseridos no sistema do Ministério da Saúde pelo secretário de Duque de Caxias João Carlos Brecha nos dias 21 e 22 de dezembro de 2022;
Ainda em 22 de dezembro, o usuário de Bolsonaro no ConectSUS acessou o sistema pela rede do Palácio do Planalto; no dia 27 de dezembro, outro acesso foi registrado a partir do celular de Cid.
De acordo com a PF, os indícios apontam que a conta de Bolsonaro no ConectSUS era administrada por Cid até o dia 22 de dezembro e passou então para Marcelo Câmara, que assumiu a assessoria do ex-presidente após o fim do mandato.
É possível concluir que o acesso ao aplicativo ConecteSUS e as consequentes emissões de certificado de vacinação contra a covid-19, nos dias 22 e 27 de dezembro de 2022, pelo usuário do ex-presidente da República Jair Bolsonaro foram realizados no Palácio do Planalto, local condizente com a atividade então exercida por Jair Messias Bolsonaro."
Polícia Federal
Já no caso da filha do ex-presidente, a PF apontou que o usuário acessou o ConectSUS no dia 27 de dezembro, véspera de sua viagem para os Estados Unidos;
O acesso serviu para a emissão de um certificado de vacinação em língua inglesa para menina. A PF, porém, não indica quem teria feito o acesso e emitido o certificado em nome dela.
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