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Pacheco ignora apelo de aliado de Bolsonaro ante suspeita de falsificação

Do UOL, em Brasília

03/05/2023 19h26

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ignorou hoje, em sessão no Senado, um pedido de bolsonaristas para "buscar uma mediação" entre os Poderes depois da busca e apreensão contra Jair Bolsonaro (PL). O pedido foi feito pelo líder da Oposição na Casa, Rogério Marinho (PL-RN).

O que Rogério Marinho pediu:

O fim do inquérito das fakenews, aberto em março de 2019, em que o ministro do STF Alexandre de Moraes pode tomar 'decisões de ofício', sem pedidos da polícia ou MPF (Ministério Público Federal). Porém, a operação de hoje se deu no âmbito de outro inquérito, o das milícias digitais.

A distribuição de investigações contra bolsonaristas sem foro privilegiado a juízes de primeira instância.

O aliado de Bolsonaro criticou o STF. Marinho defendeu que a Corte "volte ao seu trilho natural" e que haja "equilíbrio entre os Poderes".

O discurso foi acompanhado de perto por outros aliados de Bolsonaro, como Damares Alves (Republicanos-DF) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Peço que aja, respaldado por todos nós, para fazer História, para que possamos buscar um diálogo institucional, para pormos fim a essa excepcionalidade que já dura mais de quatro anos. Que o inquérito tenha um fim, que haja um indiciamento dos [microfone é cortado]. Que os juízes naturais façam seu trabalho, que o STF volte ao seu trilho natural. Para que haja equilíbrio entre os Poderes, que possa exercer livremente nossas atuações como parlamentares.
Rogério Marinho, líder da oposição no Senado

Marinho disse que, se houve crime na falsificação do cartão de vacina do ex-presidente, isso foi cometido por outra pessoa, não por Bolsonaro. A PF afirma, porém, que Bolsonaro sabia do crime.

Marinho ainda disse que, como o MPF foi contra a busca e apreensão, a medida não poderia ter sido autorizada pelo Supremo. Investigações e operações da PF partem de pedidos —no caso, a solicitação veio da própria PF. Segundo a lei, o juiz não é obrigado a atender nem o pedido da PF e nem mesmo o parecer do MPF, diferentemente do que afirmou o senador.

Pacheco apenas agradeceu e deu prosseguimento à sessão.

Obrigado, senador Rogério Marinho. Fica registrado o apelo de Vossa Excelência.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, em resposta a Marinho

A assessoria de Pacheco afirmou ao UOL que, no começo da noite, o senador permanecia em sessão no Senado e, por isso, não poderia comentar se eventuais medidas serão tomadas ante o pedido de Marinho.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o senador Hamilton Mourão é filiado ao Republicanos, e não ao PL. O texto foi corrigido.