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12 meses

Tiburi sobre Janja: Se quer revolução, renuncie ao posto de primeira-dama

Do UOL, em São Paulo

11/05/2023 12h41

A filósofa e escritora Marcia Tiburi afirmou que é fã da primeira-dama Janja da Silva e sugeriu que ela deixasse o posto para "fazer alguma coisa mais revolucionária" e "dar um impulso forte na cultura feminista". Ela foi a convidada de hoje no UOL Entrevista, apresentado por Fabíola Cidral e com participação dos colunistas Tales Faria e Milly Lacombe.

Não combina com uma feminista ser primeira-dama."

Sair desse papel da esposa que apoia é importante para as esposas do Brasil. (...) Nós precisamos colocar as mulheres em outro patamar na política brasileira."

Eu [no lugar dela] tomaria uma atitude bem drástica, diria: 'Somos casados, você é presidente, eu tenho uma vida própria'. E construiria uma história com as mulheres brasileiras, onde nós não funcionamos por hierarquia."

Eu sairia desse lugar inessencial e subalterno e iria para um lugar de protagonismo. Para nós, mulheres, protagonismo não tem a ver com narcisismo."

Michelle Bolsonaro

A filósofa também comentou sobre a ex-primeira-dama e suas aspirações políticas como novo nome da direita brasileira.

Ela é pavorosa, uma mistificadora, assim como seu marido. Sabe muito bem fazer o jogo de poder retórico, (...) mistificar, enganar, mentir, se fazer de sonsa."

Ela, como mulher, tem uma vantagem, porque ela faz a performance de uma figura doce, que fala com uma voz mais suave. Então ela não precisa fazer que nem o marido, que fala palavrão e diz que vai metralhar todo mundo."

Marcia fez previsões para o cenário político de 2024 envolvendo outras figuras políticas, como Damares Alves e as dez deputadas que votaram contra o projeto de lei que visa garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres.

Em 2024, essas mulheres todas (...) vão usar os termos 'feminista' e 'mulher' para se empoderarem em um jogo de contradição que coloca as mulheres como figuras submissas."

Governo Lula

A escritora opinou sobre os primeiros 100 dias do governo Lula e a resposta de membros a ataques de parlamentares bolsonaristas.

O Flávio Dino faz a coisa certa porque ele debocha desses caras, porque eles não podem ser levados a sério."

Precisamos construir uma maneira de confrontá-los nesse lugar onde o ridículo deles já não nos coloca mais nessa posição de paralisia na qual nós ficamos."

Retorno ao Brasil

Marcia afirmou que retornará ao Brasil entre o final de junho e início de julho após ter deixado o país por ameaças de morte, assim como o ex-deputado Jean Wyllys.

Nossos advogados fizeram um pedido formal ao Ministério dos Direitos Humanos e ao da Justiça para voltarmos ao Brasil em segurança. Ao mesmo tempo, esse pedido implica um ritual simbólico de repatriação, porque o que vivemos esses anos todos não foi simplesmente uma escolha de vida."

Exílio era um termo que eu não usava, porque acho muito pesado e doloroso de carregar, e implica muitas questões ético-políticas. Até porque ele apagava a possibilidade de voltar a qualquer hora, que era o que eu, Jean e vários outros desejávamos."

Marcia comentou que artistas, professores e outras figuras críticas a Bolsonaro receberam proteção de instituições estrangeiras, como o curador da exposição Queermuseu, Gaudêncio Fidelis, que recebeu ataques de movimentos de direita desde 2017.

Estávamos exilados em função da ameaçabilidade generalizada que o Bolsonaro promoveu em seu governo, um ataque generalizado contra todos que eram críticos a seu governo. E não faz sentido estarmos exilados em um governo que retoma a democracia. A nossa volta precisa ser política, ética e socialmente compreendida no Brasil.'

Confira a íntegra do UOL Entrevista