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'Trágico fim, esperado por todos', diz presidente do TCU sobre Deltan

Bruno Dantas, presidente do TCU -  Emerson Leal/flickr
Bruno Dantas, presidente do TCU Imagem: Emerson Leal/flickr

Do UOL, em Brasília

17/05/2023 14h19Atualizada em 17/05/2023 14h19

O presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, afirmou hoje que a cassação do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) foi um "trágico fim, esperado por todos" ao comentar sobre a Operação Lava Jato. Dantas citou a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) durante seminário na manhã desta quarta-feira, ao lado do advogado-geral da União, Jorge Messias.

Fim da "novela"

Dantas afirmou que a Lava Jato começou como uma operação séria, mas que seus protagonistas "se embriagaram com a súbita notoriedade" que adquiriram com a investigação. "Eles descobrem duas coisas: podem virar popstars e políticos, e segundo, que podem ganhar muito dinheiro com isso. E as duas coisas foram muito negativas para o Brasil", afirmou.
O presidente do TCU disse ainda que, quando agentes da lei se transformam em políticos, as investigações "deixam de ser guiadas" pelos padrões da Constituição. "Ontem foi cassado o mandato do deputado que foi o principal personagem dessa novela brasileira. E a grande verdade é que esse é o trágico fim, esperado por todos. Não costuma acabar bem esse tipo de história", disse

Para Dantas, a Lava Jato "ampliou exageradamente" o escopo das investigações para acuar o sistema político, produzindo uma "criminalização generalizada".

Ele relembrou um episódio em que Deltan o procurou, em 2016, para falar dos acordo de leniência fechados pela força-tarefa contra empreiteiras. "Eu perguntei:' Doutor Deltan, o senhor vem falar comigo como procurador ou advogado das empreiteiras?' Ele vinha defender que com o acordo de leniência pelo MP, ninguém mais poderia investigar aquele tema sob qualquer outro ângulo", disse Dantas.

Na avaliação do chefe do TCU, ao tentar firmar um acordo que impediria outras apurações contra as empreiteiras, a Lava Jato invadiria a competência do tribunal, a quem cabe apurar danos ao erário.

Quem dá a última palavra sobre o dano ao erário é o TCU. E eu disse a ele: 'A minha competência eu nunca te deleguei. Ninguém poderia delegar a nossa competência ao senhor. Aqui no tribunal vamos prosseguir as apurações e se encontrarmos superfaturamentos maiores que os acordos que vocês assinaram, nós vamos imputar às empresas'"
Bruno Dantas, presidente do TCU

Deltan se diz "indignado" com decisão

Deltan Dallagnol afirmou ontem estar 'indignado' e ser vítima de vingança, após ter o mandato de deputado federal cassado.
O TSE derrubou o registro do ex-procurador com base na Lei da Ficha Limpa; para os ministros, Deltan cometeu fraude ao pedir exoneração do Ministério Público Federal para impedir a abertura de processos administrativos disciplinares;
Se condenado nesses processos, Deltan poderia se tornar inelegível; como ele pediu demissão, os casos foram arquivados.

344.917 mil vozes paranaenses e de milhões de brasileiros foram caladas nesta noite com uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça. Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro.
Deltan Dallagnol, em nota