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Presidente da CPI do MST corta microfone de Sâmia e deputados batem boca

Marina Sabino

Colaboração para o UOL, em Brasília

23/05/2023 18h31Atualizada em 23/05/2023 18h58

O presidente da CPI do MST, tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), desligou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) enquanto ela lia a notícia sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de retomar a investigação contra Zucco por atos antidemocráticos.

O que aconteceu?

Durante a primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito, a psolista teve sua fala cortada.

Antes disso, o clima já estava tenso entre governistas e oposição, com diversas interrupções entre os deputados.

Zucco foi questionado por Sâmia sobre o motivo de ser interrompida. Ele respondeu que a CPI não se tratava dos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro.

Houve desentendimento e bate-boca. Por fim, Zucco concedeu tempo à deputada federal.

O meu tempo de liderança não pode ser interrompido, assim como o senhor não pode indeferir o pedido de questão de ordem antes que ele seja completado. O senhor ficou prestando seu depoimento para mim, de que essa investigação não é sobre o 8 de janeiro. Para mim, o senhor não tem que prestar depoimento nenhum, e sim para a Polícia Federal.
Sâmia Bomfim (PSOL-SP), deputada federal

Bolsonarista, Zucco é suspeito de patrocinar e incentivar atos contra os resultados das eleições no Rio Grande do Sul e em Brasília.

A decisão de retomar a investigação é do dia 17 de maio.

Mais bate-boca

O deputado Ricardo Salles (PL-SP) também foi alvo de críticas e destacou a fala da colega Talíria Petrone (PSOL-RJ) para enviar à Comissão de Ética. Ele é relator e ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro.

Em contrapartida, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) falou do colega Valmir Assunção (PT-BA): "O MST está muito bem representado pelo deputado Valmir, que tem uma folha criminal extensa de invasão". Valmir teria liderado uma invasão do MST em 2001, mas foi absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Suco para acirrar os ânimos. A deputada Camila Jara (PT-MS) levou suco de uva produzido em assentamento do MST para distribuir a deputados, assessores e imprensa. Uma garrafa ficou na mesa de comandos dos trabalhos, em frente a Salles.

O que disseram os governistas?

O relator da comissão é acusado de fraudar mapas, tem relação com garimpo ilegal. Quando era ministro foi reportado sobre madeira ilegal ele nem ligou, porque não defende o meio ambiente".
Talíria Petrone (PSOL-RJ)

Essa CPI não tem fato determinado, é arrepio da Constituição, não entendo e não sei por que Arthur Lira [presidente da Câmara] concordou com a abertura da CPI. Ela tem como objetivo estabelecer um palanque político para um grupo que perdeu as eleições [...] Presidente, o senhor está sendo investigado pela Polícia Federal, não é isso? Só estou perguntando, se sente constrangido, perseguido?"
Valmir Assunção (PT-BA)

O plano de trabalho já é um relatório. Já diz que teve invasão e crimes correlatos [...] É uma CPI sem objeto".
Gleisi Hoffmann (PT-RS)

Investigado não pode ser assessor de deputado e tem muito deputado que não poderia ser deputado, sabem de quem estou falando. Investigado é investigado, é também quem Xande [Alexandre de Moraes, ministro do STF] mandou investigar semana passada."
Marcon (PT-RS)

A perseguição a trabalhadores do Ibama que garantem fiscalização e punição, são passados por cima, aconteceu, por exemplo, com o ex-ministro do Meio Ambiente [Ricardo Salles] que está aqui na mesa relatando os trabalhos. Temos que investigar os crimes que acontecem no nosso país. Se estamos falando de invasão por que não falar da invasão à Praça dos Três Poderes? Tinha muita gente financiada pelo latifúndio, pelo agro bolsonarista".
Sâmia Bomfim (PSOL-SP)

Como a oposição rebateu?

O escopo e objetivos da CPI foram esclarecidos e pontuais, para que possamos elucidar se esse movimento cumpre efetivamente seu fim social. Eles têm se aproveitado do prospecto da Reforma Agrária para levar terror para o campo, temos relatos que nos chegam a cada hora e vão mostrar a verdadeira faceta do movimento, que é movimento terrorista".
Capitão Alden (PL-BA)

Quem não deve não teme, a investigação tem que ser feita por nós na CPI".
Lucas Redecker (PSDB-RS)

É fácil falar de justiça social de iPhone e bolsa da Louis Vuitton, por que não vende a bolsa para compartilhar com os pobres e dar essa justiça social que a deputada tanto fala? Prosperou e não quer dar o dinheiro, divide com os pobres, chega de hipocrisia".
Caroline de Toni (PL-SC) sobre a deputada Camila Jara (PT-MS)

O MST está muito bem representado pelo deputado Valmir, que tem uma folha criminal extensa de invasão, o senhor foi levado a julgamento do STF por invadir propriedade pública, passar 6 dias e provocar dano. Mas tem uma luz no fim do túnel, o PT abandonou o MST, o Lula sequer quis receber o MST na Bahia, é sinal que sabe bem o que vem pela frente".
Alfredo Gaspar (União-AL)

A esquerda, é só comigo que não me deixam falar? Tem medo da verdade? Tá bom, não vou falar movimento de marginal, é movimento de bandido. Deputado [para Valmir], não bata na mesa. Depois nós que somos violentos e torturadores".
Éder Mauro (PL-PA)