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Justiça cassa mandato de Crivella por escândalo dos Guardiões

Do UOL, no Rio

28/05/2023 17h24

A Justiça Eleitoral cassou o mandato do deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), ex-prefeito do Rio de Janeiro, por conta de seu envolvimento no escândalo dos Guardiões do Crivella. Ele também foi considerado inelegível por oito anos e multado.

O que a Justiça decidiu?

Crivella e seu assessor especial Marcos Luciano foram condenados por abuso de poder político e conduta vedada.

Eles foram considerados culpados por articularem o grupo conhecido como Guardiões do Crivella, onde assessores comissionados da prefeitura eram colocados na porta de unidades de saúde para atacar jornalistas e usuários que denunciassem problemas no setor.

A decisão é da juíza da 23ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, Márcia Santos Capanema de Souza.

O emprego de assessores para benefício da imagem pública de Crivella, que tentava a reeleição, ocorreu durante a pandemia de covid-19.

A juíza entendeu que os assessores da prefeitura foram empregados para beneficiar diretamente a campanha de Crivella, o que prejudicou o equilíbrio da disputa eleitoral.

A nomeação e emprego de servidores públicos na porta de hospitais para interromper reportagens críticas à gestão da saúde no município do Rio de Janeiro durante a pandemia com a finalidade eleitoreira é conduta que teve aptidão suficiente para afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos no pleito de 2020.
Trecho da sentença de Márcia Santos Capanema de Souza, juíza da 23ª Zona Eleitoral

Além da perda do mandato, Crivella fica inelegível até 2028. Ele e Marcos Luciano também foram multados em R$ 433.290,00.

Crivella ainda pode recorrer da decisão.

O UOL tenta contato com as defesas de Crivella e Luciano.

Os Guardiões de Crivella

O escândalo dos Guardiões do Crivella foi revelado pela TV Globo em agosto de 2020.

Por meio de grupos de WhatsApp, funcionários comissionados da prefeitura eram escalados na porta de unidades de saúde para evitar danos à imagem de Crivella.

Eles eram orientados a atacar jornalistas e intimidar cidadãos que reclamassem de hospitais da cidade. Vários deles interromperam reportagens da TV Globo.

Segundo as investigações, Marcos Luciano, assessor especial de Crivella na prefeitura, era o responsável por controlar diretamente os guardiões.

Aliados de Crivella foram alvos de operação da Polícia Civil do Rio durante a campanha eleitoral.

Crivella foi alvo de impeachment por conta do caso, mas conseguiu barrar a abertura do processo na Câmara.

Ele também foi alvo de uma CPI por conta do caso.

Desgastado pelos escândalos de sua gestão, Crivella foi derrotado por Eduardo Paes (PSD) no segundo turno das eleições de 2020 por larga margem: ele teve menos de 36% dos votos, contra 64% de Paes.