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Associação define três nomes para suceder Aras, mas Lula pode ignorar lista

21.jun.2017 - Fachada do prédio da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília - Antonio Augusto / Secom / PGR
21.jun.2017 - Fachada do prédio da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília Imagem: Antonio Augusto / Secom / PGR

Do UOL, em Brasília

29/05/2023 19h50Atualizada em 29/05/2023 20h31

A ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República) divulgou hoje que a disputa pela lista tríplice para suceder Augusto Aras à frente da Procuradoria-Geral da República reuniu somente três candidatos. O presidente Lula (PT), porém, já avisou que pretende ignorar a indicação feita pelos procuradores ao definir quem será o novo PGR.

O que aconteceu

Os três candidatos são José Adonis Callou de Araújo Sá, Luiza Frischeisen e Mario Bonsaglia. O primeiro foi coordenador da Lava Jato na PGR por três meses, até deixar o cargo em 2020. Frischeisen e Bonsaglia Mario foram, respectivamente, a primeira e o segundo mais votados da lista em 2021, ignorada por Jair Bolsonaro (PL).

"Não penso mais em lista tríplice." A escolha do novo PGR cabe a Lula, porém não há obrigação legal para o presidente da República se restringir à lista na escolha.

Declaração de Lula gerou pouca adesão de candidatos. Fontes na PGR disseram ao UOL que o baixo número de inscritos é reflexo da falta de compromisso de Lula em seguir a lista tríplice. Em 2019, por exemplo, 10 candidatos tentaram um lugar na lista.

A lista de 2021 também contou com apenas três candidatos inscritos, mas o clima era outro. A votação foi uma forma de os procuradores firmarem posição, mesmo sabendo que Bolsonaro reconduziria Aras a um novo mandato.

Agora, os procuradores votarão para definir qual será a ordem da lista tríplice. Nos seus primeiros mandatos (2003-06 e 2007-10), Lula escolheu o mais votado pelos procuradores como forma de deferência à categoria.

Ressentimento de alas do PT com lista tríplice. Para aliados de Lula, não houve vantagens ao seguir a lista durante governos anteriores do partido.

Critério [para a escolha do PGR] será pessoal, de muita meditação, vou conversar com muita gente. Só espero escolher, com a graça de Deus, um cidadão que seja decente, digno, de muito caráter e que seja respeitado pelos bons serviços prestados no país. Não penso mais em lista tríplice"
Lula, em entrevista a Reinaldo Azevedo em março

Corrida "por fora" da lista já começou

Declaração de Lula acirrou a corrida entre nomes que buscam uma indicação "por fora" da lista, a exemplo do aconteceu na escolha de Aras feita por Bolsonaro em 2019 e 2021.

Crítico à Lava Jato é cotado. Um dos nomes é o do subprocurador Antonio Carlos Bigonha, que ganhou a simpatia de uma ala do PT por seu posicionamento crítico à operação que culminou na prisão de Lula em 2018.

Bigonha citou a prisão de "um dos maiores líderes populares de todos os tempos" ao discutir o papel do Ministério Público. O artigo na revista Carta Capital assinado pelo subprocurador rodou dentro e fora da PGR e foi lido como uma sinalização ao petista e seu entorno.

Outro nome forte é próximo ao ministro Gilmar Mendes. O vice-procurador-eleitoral, Paulo Gonet Branco, também é cotado. De perfil conservador, ele é próximo do decano do STF.

O próprio Augusto Aras tem se movimentado nos bastidores para obter uma influência na escolha de seu sucessor.

Lula busca perfil "conciliador"

A interlocutores, Lula tem dito que procura alguém que esteja disposto ao diálogo ao assumir a PGR. A ideia é que o procurador-geral converse com o governo antes de questionar medidas do Planalto, para se construir caminhos sem a judicialização.

O petista buscaria um "meio-termo" — nem um perfil tão cauteloso como Augusto Aras, que não apresentou tantas denúncias ao STF, e nem tão intenso quanto Rodrigo Janot, criticado por denúncias pouco respaldadas.