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11 meses

Lula diz ser favorável a possível participação da Venezuela nos Brics

Do UOL, em São Paulo

29/05/2023 13h55Atualizada em 29/05/2023 14h25

Ao lado do colega venezuelano Nicolas Maduro, o presidente Lula (PT) disse ser favorável à participação da Venezuela no grupo dos Brics, mas ressaltou que a decisão precisa ser tomada por todos os países. Maduro disse que também pensa em um dia fazer parte do bloco. Os dois falaram com a imprensa após uma reunião reservada.

O que disse Lula

O presidente afirmou que, se for solicitado, o caso será analisado. Os países que compõem o grupo são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Vamos discutir, porque não depende da vontade do Brasil. Depende da vontade de todos. Se tiver um pedido oficial, esse pedido será oficialmente levado para os Brics, e lá decidiremos. Se você perguntar a minha vontade: eu sou favorável
Lula

Já Maduro disse que tem conversado sobre o papel dos Brics "frente à nova geopolítica mundial" e que a Venezuela poderia participar também, "de forma modesta".

Os países poderosos e os Brics estão se tornando o grande ímã daqueles que buscam a paz e a união. Ontem eu li a notícia de que a nossa grande amiga e poderosa Arábia Saudita está próxima de se unir ao banco dos Brics, imaginem como isso é bom. Se perguntarem para a Venezuela se queremos entrar, sim, queremos, ainda que de forma modesta.
Nicolás Maduro

Lula voltou a defender uma moeda comum para os Brics, nos moldes do euro, e disse que a América do Sul deve atuar como um bloco, e com integração: "A América do Sul precisa trabalhar como bloco. Não é possível um país sozinho resolver seus problemas, que perduram centenas de anos. Estamos há 500 anos sempre lidando com a pobreza. Se estivermos juntos, somos 450 milhões de pessoas. Como bloco, podemos negociar com muito mais força", disse.

"Bloqueio pior que guerra": Lula também criticou os bloqueios impostos à Venezuela pelos EUA, e disse que o resultado "é pior do que uma guerra".

"Maduro não tem dólar para pagar as suas exportações. Quem sabe a gente possa receber em outra moeda de outro país, para que a gente possa trocar. É culpa dele [Maduro]? Não. É culpa dos Estados Unidos, que fez um bloqueio extremamente exagerado. Eu sempre acho que bloqueio é bem pior que guerra, porque na guerra morrem soldados que estão em batalha. Mas o bloqueio mata crianças, mata mulheres, mata pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo", finalizou.

Encontro de presidentes

Lula e Maduro tiveram uma reunião privada e depois ampliada para discutir os avanços no processo de normalização das relações bilaterais. Em 2020, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retirou os diplomatas que trabalhavam na embaixada do Brasil na Venezuela, por não reconhecer o governo de Maduro.

O encontro faz parte de uma série de reuniões que Lula fará nesta semana com líderes sul-americanos. Apenas a presidente do Peru, Dina Boluarte, não virá à capital federal, já que enfrenta impedimentos constitucionais.

Sucessor de Hugo Chávez, Maduro comanda a Venezuela desde 2013. A Assembleia Constituinte instalada em 2017 não é reconhecida por vários países, incluindo o Brasil. No ano passado, a ONU denunciou que agências do governo cometem crimes contra a humanidade para reprimir a oposição.