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Lista tríplice para PGR tem 'repetentes'; um deles concorre pela quinta vez

Luiza Frischeisen, José Adonis Callou e Mário Bonsaglia: os nomes da ANPR para lista tríplice da PGR de 2023 - Arte UOL/Divulgação pessoal e do CNJ
Luiza Frischeisen, José Adonis Callou e Mário Bonsaglia: os nomes da ANPR para lista tríplice da PGR de 2023 Imagem: Arte UOL/Divulgação pessoal e do CNJ

Do UOL, em São Paulo

30/05/2023 04h00

Anunciada ontem pela ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República), a lista de candidatos para o cargo de PGR (Procurador-Geral da República) tem três nomes. Um deles vai concorrer ao posto pela quinta vez, e outro pela terceira.

Quem está na lista tríplice

Os subprocuradores-gerais José Adonis Callou, Luiza Frischeinsen e Mário Bonsaglia se candidataram. Eles passarão por uma eleição interna no dia 21 de junho e os nomes serão levados a Lula. O mandato de Augusto Aras acaba em setembro.

Bonsaglia vai concorrer ao cargo pela quinta vez. Membro da carreira há 32 anos, ele entrou em todas as disputas desde 2015. Foi o mais votado na ANPR em 2019, mas o ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu Aras.

Luiza Frischeisen está na lista pela terceira vez. No Ministério Público há 31 anos, foi a mais votada em 2021, mas Bolsonaro ignorou novamente a indicação e reconduziu Aras.

O único que concorre pela primeira vez é José Adonis Callou de Araújo Sá. Também há 31 anos na carreira, ele coordenou a equipe da Lava Jato na PGR, mas saiu após três meses na função por supostos atritos com Aras.

Lula deve ignorar lista

Os presidentes da República não têm a obrigação legal de seguir a lista tríplice. Agora, os procuradores votarão para definir qual será a ordem da lista.

"Não penso mais em lista tríplice." Lula, que nos seus primeiros mandatos (2003-06 e 2007-10) seguiu a lista, afirma abertamente que não tem mais compromisso com ela.

A postura de Lula, segundo membros da PGR, reflete o fato de só haver três candidatos. Em 2019, por exemplo, dez nomes tentaram um lugar na lista tríplice.

Em 2021, a ANPR também já esperava que a lista não seria seguida. Mesmo sabendo que Bolsonaro reconduziria Aras ao cargo, três procuradores se inscreveram como forma de marcar posição.

Critério [para a escolha do PGR] será pessoal, de muita meditação, vou conversar com muita gente. Só espero escolher, com a graça de Deus, um cidadão que seja decente, digno, de muito caráter e que seja respeitado pelos bons serviços prestados no país. Não penso mais em lista tríplice"
Lula, em entrevista a Reinaldo Azevedo em março

Corrida "por fora" da lista já começou

Declaração de Lula acirrou a corrida entre nomes que buscam uma indicação "por fora" da lista, a exemplo do aconteceu na escolha de Aras feita por Bolsonaro em 2019 e 2021.

Crítico à Lava Jato é cotado. Um dos nomes é o do subprocurador Antonio Carlos Bigonha, que ganhou a simpatia de uma ala do PT por seu posicionamento crítico à operação que culminou na prisão de Lula em 2018.

Bigonha citou a prisão de "um dos maiores líderes populares de todos os tempos" ao discutir o papel do Ministério Público. O artigo na revista Carta Capital assinado pelo subprocurador rodou dentro e fora da PGR e foi lido como uma sinalização ao petista e seu entorno.

Outro nome forte é próximo ao ministro Gilmar Mendes. O vice-procurador-eleitoral, Paulo Gonet Branco, também é cotado. De perfil conservador, ele é próximo do decano do STF.

O próprio Augusto Aras tem se movimentado nos bastidores para obter uma influência na escolha de seu sucessor.