PM disparou tiros na aldeia do Jaraguá após protestos, diz Txai Suruí
A líder indígena Txai Suruí afirmou que a Polícia Militar de São Paulo ameaçou indígenas Guarani da Terra Jaraguá após a manifestação contrária ao marco temporal ocorrida na terça-feira (30). Ela foi a convidada do UOL Entrevista de hoje, com apresentação de Fabíola Cidral e participação dos colunistas Leonardo Sakamoto e Juliana Dal Piva.
Manifestantes indígenas bloquearam a rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, como protesto à votação do PL 490/2007, que estabelece que a demarcação de terras indígenas só possa ser feita para povos que já ocupavam suas terras em 1988, ano da promulgação da Constituição Federal.
Txai afirmou que o cerco da PM teve início já no dia da manifestação. Segundo ela, após dispersarem os indígenas com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, a polícia cercou a aldeia.
"A polícia estava atirando para dentro da aldeia. Isso tem vídeo. E à noite eles foram na aldeia, ficaram lá, com duas viaturas, abordando os indígenas e continuaram ameaçando".
"É esse tipo de coisa que a gente vem vivendo no nosso estado. Inclusive uma violência policial que foi o governador [Tarcísio de Freitas] que mandou".
Marco Temporal e relação com governo Lula
A líder indígena fez críticas à aprovação do marco temporal na Câmara dos Deputados e defendeu uma mobilização para impedir o avanço do projeto no Senado.
"O Lula colocou a pauta ambiental como prioridade. Ele foi no nosso Acampamento Terra Livre, que organizamos todo mês de abril em Brasília, e reafirmou o compromisso com os povos indígenas, inclusive com a demarcação".
"Apesar de o presidente ter se posicionado dessa maneira, o que a gente viu foi alguns deputados, inclusive do PT, votando a favor do PL 490. Isso é muito triste, isso é muito vergonhoso para o PT."
Txai defendeu que os povos indígenas continuem cobrando o compromisso do governo frente à pressão de setores contrários à demarcação de terras.
Garimpeiros na Terra Yanomami
A líder indígena também disse que o governo tem "feito tudo que é possível" para resolver a crise do povo Yanomami e combater o garimpo ilegal que ameaça a região. Ela relembrou que havia mais de 20 mil invasores na região e que, apesar da situação ter melhorado com as ações do governo, a crise persiste.
"Ainda tem crianças morrendo, gente doente e também estão sofrendo ataques violentos que vêm dos garimpeiros".
Txai comentou a morte de Angelita Prororita Yanomami, ex-esposa do vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, que estava desaparecida e foi encontrada sem vida na quarta-feira (31). Ela cobrou investigações sobre a morte da intérprete indígena em meio às violências sofridas por lideranças indígenas.
"O que a gente sente é que eles estão mais violentos, não sei se por um desespero. Mas eles continuam nos matando".
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