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Investigado pela PF monitorava metas para definir repasses a prefeituras

Alexsander Moreira, funcionário comissionado do MEC desde 2016, teria participação em esquema de compra de kits robótica - Reprodução
Alexsander Moreira, funcionário comissionado do MEC desde 2016, teria participação em esquema de compra de kits robótica Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

03/06/2023 12h56

Alexsander Moreira, um dos alvos da Polícia Federal na operação que apura fraudes e lavagem de dinheiro na venda de kits robótica para escolas em Alagoas, era diretor do MEC e chegou a ser elogiado em sessão no Senado há cinco dias.

O que aconteceu?

Alexsader Moreira foi um dos alvos de busca e apreensão da Polícia Federal na Operação Hefesto, deflagrada na sexta-feira (2). Ele é apontado como aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e foi afastado após a investigação.

Moreira era diretor de Apoio à Gestão Educacional da do MEC (Ministério da Educação). Essa área do ministério é responsável por avaliar o cumprimento de metas do PNE (Plano Nacional de Educação) pelos municípios. É a partir desses resultados que são recomendados os repasses de verbas para ajudar prefeituras a alcançar as metas estabelecidas no plano educacional.

Na segunda-feira passada (29), Moreira participou por videoconferência de uma reunião por Senado. Na ocasião, Moreira, explicou a senadores o funcionamento da plataforma +PNE, usada para acompanhar o cumprimento de metas de educação. Ele chegou a ser elogiado pelo presidente da Comissão de Educação da casa, o senador Flávio Arns (PSB-PR).

Só quero dizer que fiquei muito bem impressionado com a sua fala, sabe? Uma plataforma boa, interessante, uma análise da realidade, dos desafios dessa realidade, mas um trabalho que tenho certeza de que vai gerar excelentes frutos.
Flávio Arns, senador (PSB-PR)

Kits de robótica

Moreira é alvo de investigação de desvio de dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Entre 2019 e 2022, licitações de kits robótica foram feitas para 43 municípios em Alagoas com dinheiro do FNDE, ligado ao MEC.

No governo de Jair Bolsonaro (PL), período das investigações, Alexsander Moreira atuou como coordenador de redes de infraestrutura educacional. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele virou diretor de Gestão Educacional. Após operação da PF de ontem, ele foi afastado do cargo.

Segundo a PF, as contratações teriam sido ilegalmente direcionadas à Megalic. A empresa em questão é fornecedora dos equipamentos de robótica para as prefeituras do estado de Alagoas.

Moreira teve R$ 737 mil em movimentações financeiras consideradas suspeitas. Parte dessas movimentações são depósitos em dinheiro vivo em suas contas, realizados entre outubro de 2021 e novembro de 2022.

Alexsander recebeu três depósitos que chamaram a atenção da PF. O autor dos pagamentos foi um homem cuja empresa foi representada por Edmundo Catunda, sócio da Megalic.

Há mais uma conexão de Moreira com a investigação. O diretor afastado do MEC trabalhou durante dois anos na Pete, a fornecedora dos equipamentos robóticos da Megalic.

Megalic e Lira

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Edmundo Catunda, sócio da Megalic, é próximo da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A PF ainda fez buscas nos endereços de um ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante. Em outra ação da Operação Hefesto, a PF encontrou R$ 4,4 milhões em dinheiro vivo na ação.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a Megalic negam envolvimento em irregularidades.

Neste sábado (3), o UOL procurou o senador Flávio Arns por telefone e aplicativos de mensagens, mas não o localizou. A reportagem também não encontrou Moreira. Os esclarecimentos deles serão publicados quando forem recebidos.

Como foi a reunião no Senado?

A audiência pública foi marcada a pedido do próprio presidente da Comissão de Educação, Flávio Arns. O objetivo era verificar bases para um novo Plano Nacional de Educação. O enfoque era nas redes de educação básica, as prioridades e necessidades deste plano novo.

Alexsander falou na condição de diretor de Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do MEC e apresentou a Plataforma +PNE.

Criamos uma plataforma com que a gente conseguiu trazer dados dos planos subnacionais de educação. A gente tem planos com mais de 200 metas e planos de educação com uma ou duas metas, e eles deverão estar alinhados ao Plano Nacional, com 20 metas. Então, temos uma grande dificuldade nesse monitoramento e avaliação.
Alexsander Moreira, então diretor do MEC

O senador Flávio Arns elogiou a medida: "Obrigado a você, Alexsander Moreira. Uma satisfação tê-lo escutado de forma tão didática, tão boa. Espero que continue participando aí de muitos debates e discussões. Parabéns. Parabéns para todo o grupo, toda a equipe também que está trabalhando nessa área."

Moreira é especialista em gerenciamento de projetos pela Escola Brasileira de Administração Pública. Ele também tem especialização em gerenciamento do empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é graduado em filosofia. O diretor afastado do MEC foi professor da disciplina e também de sociologia, história e literatura em escolas na rede pública e privada em São Paulo.