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Lula diz que paz protege ambiente, cutuca países ricos e exalta Bruno e Dom

Leonardo Martins e Tiago Minervino

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em São Paulo

05/06/2023 17h56Atualizada em 05/06/2023 18h13

O presidente Lula (PT) afirmou que acabar com as guerras é uma forma de proteger o meio ambiente, alfinetou os países ricos por não destinarem o dinheiro previsto em acordos em defesa das florestas e exaltou o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, mortos há um ano no Vale do Javari (AM).

O que o presidente falou

Cutucada nos países desenvolvidos. Lula destacou que usará o protagonismo do Brasil para fazer com que as nações ricas "também façam sua parte" no combate às mudanças climáticas, pois foram elas quem mais "devastaram" as florestas e são as principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa.

Países ricos devem cumprir acordos firmados. O petista ressaltou que cobrará junto aos fóruns internacionais o cumprimento do compromisso assumido em 2009 pelos países desenvolvidos na Convenção do Clima, em Copenhague, de disponibilizar US$ 100 bilhões ao ano, até 2020, para que os países em desenvolvimento enfrentassem a mudança do clima. "Esse compromisso não foi cumprido", afirmou o presidente brasileiro.

Críticas às guerras. Lula disse que os países ricos deixaram de pagar pela proteção ambiental, mas investiram fortunas em guerras ao redor do mundo. "Guerras matam homens, mulheres e crianças e destroem tudo ao redor, inclusive o meio ambiente. Por isso, promover a paz é também cuidar do planeta."

Veto em afrouxamento em regras de desmatamento na mata atlântica

Lula também vetou hoje artigo da MP da Mata Atlântica que permitia a instalação de linhas de transmissão de energia, gasodutos e sistema de abastecimento público de água na região sem estudo prévio de impacto ambiental ou compensações.

O trecho estava em texto aprovado na Câmara e que havia sido encaminhado para sanção.

"O presidente da República vetou, dentre outros dispositivos, todo o art. 2º da proposta, que tratava de intervenções no bioma constitucionalmente protegido, Mata Atlântica", disse o governo em comunicado, sem explicar o que mais foi vetado.

Os vetos ainda têm de passar por análise do Congresso, que irá decidir se vão ser mantidos ou derrubados.

Durante a tramitação da MP de reestruturação dos ministérios, o centrão modificou a proposta para enfraquecer as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Com a MP próxima de perder a validade, o governo Lula teve de assumir a derrota e deixar as mudanças feitas pelo centrão.

Homenagem a Dom e Bruno

No evento, que contou com a participação das viúvas do jornalista e do indigenista, o presidente prestou homenagens aos dois e falou que eles "perderam suas vidas na luta em defesa do meio ambiente".

Bruno e Dom mereciam e deveriam estar aqui, neste momento em que eles teriam o governo brasileiro como aliado e não como inimigo, ao contrário do que aconteceu nos últimos quatro anos. A melhor maneira de honrá-los é garantir que sua luta não tenha sido em vão.
Lula, em homenagem aos dois assassinados no vale do Javari

Presidente pediu bom senso e fim da ganância. O petista disse ser otimista em relação ao fato de que "em algum momento o bom senso triunfará sobre o egoísmo e a ganância" e ponderou que "evitar uma crise climática sem precedentes e sem retorno não é trabalho apenas para o nosso governo, mas para toda a sociedade brasileira".

Cuidem da Terra, não de Marte. Lula também afirmou que, em vez de investir milhões para tentar descobrir formas de habitação em outros planetas da galáxia, é preciso cuidar daquele em que habitamos.

Se a gente quiser sobreviver, tem que lembrar que o planeta é redondo, ele não é plano. Não devemos gastar dinheiro com outros planetas, os outros planetas não são habitáveis. Então criem vergonha e cuidem da Terra em que vocês moram, porque aqui que nós vamos ter que sobreviver, aqui nós somos iguais e não podemos permitir que uns sejam tratados com mais respeito que os outros.

Lula participou hoje de um evento no Palácio do Planalto em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. O presidente assinou uma série de decretos de proteção ambiental. No evento, também participaram ministros como Marina Silva e Sônia Guajajara, o vice-presidente Geraldo Alckmin e governadores da região da Amazônia Legal.

Cacique Raoni deu presente. Também participou da cerimônia o cacique Raoni, que interrompeu o discurso do presidente para dar um adorno com seu nome.

Outras medidas anunciadas

O presidente anunciou que vai lançar em breve o Plano Amazônia: Segurança e Soberania, em parceria com os governos dos estados que compõem a Amazônia Legal.

O objetivo é o combate a crimes como grilagem de terras públicas, garimpo, extração de madeira, mineração, caça e pesca ilegais em territórios indígenas, áreas de proteção ambiental e na Amazônia como um todo.

Há ainda o programa Bolsa Verde, para apoiar os povos da floresta, com incentivos às atividades econômicas sustentáveis.