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OPINIÃO

Tales: Como Bolsonaro, Berlusconi foi resultado da desmoralização política

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/06/2023 09h07

O colunista do UOL Tales Faria comparou a trajetória política de Silvio Berlusconi, morto hoje aos 86 anos, à de Jair Bolsonaro e apontou as semelhanças com a ascensão da extrema direita no Brasil nos últimos anos.

Berlusconi foi, como Bolsonaro, o resultado de uma desmoralização da política, que promoveu esses outsiders. Ele é fruto de uma operação semelhante à Lava Jato, que teve como coincidência ou não o fato de o promotor [Antonio di Pietro] ter se tornado político e foi ministro duas vezes, assim como foi aqui [com Sergio Moro e Deltan Dallagnol]. Tales Faria, colunista do UOL

No UOL News, Tales reforçou o caráter controverso de Berlusconi, envolvido em diversos escândalos políticos e pessoais, mesmo se dizendo conservador e "combatente da corrupção". O colunista ainda destacou que o político italiano teve participação decisiva na ascensão da extrema direita pelo mundo, com figuras que se diziam fora do cenário político tradicional.

Apesar de se dizer um combatente da corrupção e ultraconservador, Berlusconi vivia em denúncias de bacanais, orgias, pedofilia e desvio de verbas. É uma figura muito controversa e importante para a política italiana e mundial por ter marcado essa subida dos outsiders, como Trump e Bolsonaro, e da ultradireita. Tales Faria, colunista do UOL

Berlusconi usou antipolítica e ideia de 'outsider', estratégias adotadas por Bolsonaro, diz Cioccari

Deysi Cioccari traçou um paralelo entre Berlusconi e Bolsonaro, com o italiano sendo um precursor das ideias utilizadas pelo ex-presidente. A cientista política apontou as semelhanças entre os discursos dos dois, com a ideia dúbia de se apresentarem como moralistas e "contrários à velha política", mas envolvidos em inúmeros escândalos de corrupção.

Berlusconi foi um dos políticos mais controversos da Itália e da era moderna mundial. Ele foi um dos primeiros políticos a usar o que hoje consideramos normal: essa concepção de outsider da política, muito utilizada no Brasil, principalmente por Bolsonaro. Berlusconi foi o primeiro a usar essa estratégia narrativa de 'não fazer parte da velha política' e por usar a fala da antipolítica. Deysi Cioccari, cientista política

Deputado que substitui Deltan vai trabalhar com governo por reforma tributária: 'Será aprovada'

Em entrevista ao UOL News, o deputado federal Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), que assume a vaga do cassado Deltan Dallagnol na Câmara, afirmou que se esforçará pela aprovação da reforma tributária. O parlamentar disse que "irá trabalhar ao lado do governo" nesse tema, embora não tenha votado em Lula.

Venho como um daqueles atletas contratados para ajudar a ganhar o campeonato com aqueles que já estão vencendo a luta da reforma tributária. Lula 3 prometeu e está fazendo. Não votei no Lula, mas venho com espírito republicano de fazer o melhor para o Brasil. Não me alinhei ao governo; estou dentro do Congresso. Não sou governo nem oposição. Luiz Carlos Hauly, deputado federal (Podemos-PR)

Tales: Ministra do Turismo se torna nó para Lula desatar e pode deflagrar reforma ministerial

Tales apontou a crise em torno da ministra do Turismo Daniela Carneiro como um dos maiores problemas para Lula resolver no momento em que o centrão lhe faz cobranças. Na opinião do colunista, a reunião entre o presidente e Waguinho, prefeito de Belford Roxo e marido de Daniela, pode ter consequências graves para o governo federal e iniciar uma reforma ministerial.

A Daniela foi uma escolha errada do Lula. O Waguinho, que é muito poderoso na Baixada Fluminense, disse não haver problema [se Daniela deixar o cargo], mas fica aquela rusga. O PT já se manifestou dizendo achar errado tirá-la. O Lula não tem lugar para deixar a Daniela. É uma tremenda dor de cabeça e um nó que Lula terá que desfazer e que pode deflagrar uma reforma ministerial mais ampla. Tales Faria, colunista do UOL

Cioccari: Nome de Daniela se torna insustentável e deixa Lula em sinuca de bico

Deysi vê Lula em situação delicada para tratar do futuro de Daniela Carneiro à frente do Ministério do Turismo. A cientista política considera "insustentável" a permanência da ministra, acusada de ligações com a milícia, e projeta um grande desgaste para um governo que já enfrenta dificuldades para construir uma base sólida no Congresso.

O nome da Daniela está insustentável. O União Brasil não vê nela sua representatividade e, politicamente, é melhor tirá-la. Lula está com um tabuleiro de xadrez, mexendo as peças e vendo o que faz. Ele está em uma sinuca de bico. Com mais de 30 partidos, é muito difícil ele formar uma maioria no Congresso. Por mais que mexa essas peças, Lula terá um desgaste político muito grande. É uma situação delicada, que envolve não só relações com o Congresso, mas também republicanas que podem impactar nas eleições municipais do ano que vem. Deysi Cioccari, cientista política

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