Quem é Jean Lawand Jr., coronel que pediu a Cid que Bolsonaro desse golpe
Jean Lawand Júnior, que mandou mensagens pedindo que Mauro Cid convencesse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a colocar em prática um golpe de Estado, é coronel de artilharia do Exército e frequentou a Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), no Rio de Janeiro, a mesma em que Bolsonaro se formou anos antes.
Quem é Jean Lawand Júnior?
Lawand se graduou em Ciências Militares na Aman. Ele também é pós-graduado na mesma área pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Ele teve a melhor média em artilharia entre os alunos formados na academia em 1996. O hoje coronel teve média 9,517, o que lhe rendeu uma menção no Anuário Estatístico da Aman. Bolsonaro se formou no local anos antes, em 1977.
Lawand comandou o 6º Grupo de Mísseis e Foguete. Ele deixou o cargo em dezembro de 2020. Foi comandante do Corpo de Alunos da EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército), em Campinas (SP), e serve no Escritório de Projetos Estratégicos do Estado-Maior do Exército.
Ele era o responsável pela EsPCEx quando as primeiras mulheres ingressaram no local, em 2017. Uma lei assinada em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff (PT) permitiu que militares do sexo feminino atuassem em posições de combate, mas dava um prazo de cinco anos para que as Forças viabilizassem o ingresso delas.
As adaptações foram imensas e não incluíram apenas reformas na escola, mas mudanças na mentalidade. Havia brincadeiras que fazíamos com os garotos que não poderíamos fazer com elas. Mas o impressionante é que elas eram as primeiras a não querer diferenciação.
Jean Lawand Júnior, em entrevista ao jornal O Globo em 2018
O coronel tem salário bruto de R$ 25,5 mil. Os dados são do Portal da Transparência, do governo federal.
O coronel foi incluído por Bolsonaro no Quadro Ordinário do Corpo de Graduados Efetivos da Ordem do Mérito Militar. Num decreto de março de 2021, o então presidente incluiu Lawand e outras dezenas de militares no grau de Cavaleiro por seus serviços prestados à nação brasileira.
No governo Lula, o coronel foi transferido para os EUA. Segundo publicação no Diário Oficial da União em fevereiro, ele seria adjunto do Adido do Exército junto à Representação Diplomática do Brasil nos EUA, com sede em Washington, a partir de 2 de janeiro de 2024 pelo prazo de dois anos.
Após a revelação das mensagens, o próprio presidente Lula pediu que ele não assumisse o cargo nos EUA. Sua conduta será investigada.
Coronel pediu que Cid convencesse '01'
Mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, demonstram que um golpe de Estado foi encorajado e que houve a elaboração de um roteiro para a ação. As informações foram publicadas pela revista Veja.
No material obtido, Cid foi cobrado por membros das Forças Armadas para convencer Bolsonaro a seguir com um golpe de Estado, após a vitória de Lula nas eleições do ano passado. Cid está preso desde o mês passado e se negou a falar quando depôs à Polícia Federal.
Convença o 01 a salvar esse país!"
Jean Lawand Junior, em referência a Bolsonaro
Cid, pelo amor de Deus, o homem [Bolsonaro] tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, da divisão para baixo está. Assessore e dê-lhe coragem.
Jean Lawand Junior
Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara.
Jean Lawand Junior
De moto [sic] próprio o EB nada vai fazer porque será visto como golpe. Então, está nas mãos do PR [presidente].
Mensagem encaminhada por Lawand, supostamente escrita por um amigo do Exército
Procurado por Veja, Lawand disse que Cid é seu amigo e que não se recorda de nenhum diálogo de teor golpista. O UOL procurou a defesa de Mauro Cid, atualmente feita pelo advogado criminalista Bernardo Fenelon, por mensagens e email. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.
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