Bolsonaro sobre ser julgado pelo TSE: 'Eleições já são página virada'

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou o julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que pode torná-lo inelegível, como sendo uma "tempestade em copo d'água" e destacou que "eleições de 2022 já são página virada".

O que Bolsonaro disse:

O ex-presidente garantiu que considera as eleições de 2022 como uma página virada. "Eu considero as eleições de 2022 como uma página virada, daqui para frente é outra coisa, em 2026 teremos uma outra composição no TSE, talvez o pessoal pense diferente." Declaração foi dada à CNN.

Sobre a reunião com embaixadores, Bolsonaro disse que não atacou o sistema eleitoral do Brasil e que apenas expôs como funcionam as urnas e a Justiça Eleitoral. "Eu não sei por que criar uma tempestade em um copo d'água, apenas foi conversado com eles [embaixadores] como funcionava o sistema eleitoral", afirmou o ex-presidente.

Na véspera de o TSE iniciar o julgamento que pode decretar sua inelegibilidade, o ex-presidente também falou que não viu problema em conversar com embaixadores. O TSE vai analisar uma ação ajuizada pelo PDT que acusa Bolsonaro de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicações por conta de uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.

Bolsonaro afirmou que está sendo "cerceado" e que não pode divulgar sua defesa. "Como posso ser acusado de algo secreto? Que não foi apurado ainda? Eu espero que não seja cometida uma injustiça comigo. Por não poder comungar com vocês da imprensa detalhes da minha defesa", lamentou. Trechos do processo estão sob sigilo.

Bolsonaro disse ainda esperar que Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), vote com ele e cobrou o mesmo critério do julgamento da chapa Dilma-Temer, em 2017. "Eu espero que o senhor Alexandre de Moraes vote comigo, afinal de contas, o mesmo rito processual que inocentou a chapa Dilma-Temer é igual ao que estou sofrendo agora".

Entenda o julgamento de Bolsonaro no TSE

Bolsonaro é julgado por uma reunião com embaixadores no ano passado. O ex-presidente é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por usar a TV Brasil, uma emissora pública, para transmitir a reunião em que fez alegações mentirosas sobre o processo eleitoral.

A PGE (Procuradoria Geral-Eleitoral) se manifestou pela inelegibilidade de Bolsonaro e pela absolvição do vice na chapa do ano passado, Braga Netto.

O órgão considerou que as falas de Bolsonaro geraram "graves consequências" para a aceitação das eleições e mostrou-se "evidentemente capaz de afetar a confiança de parcela da população" na legitimidade das urnas. A manifestação da PGE é o último passo da acusação antes de o processo ser levado a julgamento.

Defesa de Bolsonaro poderá usar qualquer documento em julgamento

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, recebeu em audiência, nesta quarta-feira (21), o advogado do ex-presidente Bolsonaro, Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.

No encontro, o ministro informou que, em respeito ao amplo direito de defesa e ao devido processo legal, a defesa poderá utilizar e citar todos os documentos e depoimentos, bem como todas as peças e perícias, além de outras provas existentes nos autos da Ação de Investigação Judicial Eleitoral durante sua sustentação oral.

O prazo para sustentação oral da defesa de Bolsonaro também foi prorrogado de 15 para 30 minutos, atendendo ao pedido realizado pelo advogado.