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Zanin cita caso Lula e de empresas, mas nega fama de advogado de luxo

Do UOL, em Brasília e em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Brasília

21/06/2023 10h48Atualizada em 21/06/2023 12h38

Indicado pelo presidente Lula (PT) para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), o advogado Cristiano Zanin se defendeu de ser rotulado como "advogado pessoal" e "advogado de luxo" durante a sabatina na CCJ do Senado que avalia o seu nome para a Corte.

O que disse Zanin?

O advogado negou "rótulos". Além da alusão ao seu período atuando na Operação Lava Jato como advogado de Lula, de quem é amigo, Zanin também fez referência aos casos em que defende empresas, como a Americanas no processo de recuperação judicial.

Alguns me rotulam como advogado pessoal, porque lutei por direitos individuais mesmo contra a maré, sempre respeitando as leis brasileiras e a Constituição. Também me consideram advogado de luxo porque defendi, estritamente com base nas leis brasileiras, causas empresariais de agentes institucionais importantes para a economia e que empregam milhares de pessoas.
Cristiano Zanin, na CCJ, sobre rótulos usados para definir sua atuação

Zanin disse ainda que sempre esteve do lado da Constituição e que o outro "é barbárie, abuso de poder". Ele afirmou ainda que, se aprovado para o cargo, não permitirá "investidas insurgentes e perturbadoras à solidez da República", pois acredita que a responsabilidade do cargo tem impacto direto no país.

Não vou mudar de lado, pois meu lado sempre foi o mesmo. O da Constituição, das garantias, do amplo direito de defesa e do devido processo legal. Para mim só existe um lado. O outro é barbárie, abuso de poder.
Cristiano Zanin, em defesa à Constituição

Zanin narrou biografia básica e convicções profissionais e pessoais por cerca de meia hora antes de começar a ser questionado pelos senadores. Há pelo menos 21 inscritos para fazer perguntas.

Clima é favorável para aprovação

Parlamentares contam com a aprovação de Zanin com ampla vantagem. O senador Otto Alencar, líder do PSD no Senado, a maior bancada da Casa, afirmou que prevê um placar de 55 a 60 votos a favor do advogado — em 2021, por exemplo, André Mendonça obteve somente 47 votos, seis a mais do necessário para ser aprovado.

Zanin chegou cedo à CCJ e ficou na secretaria se preparando para a sabatina. A expectativa é o embate com Sergio Moro (União-PR), seu adversário na Lava Jato. É esperado que o ex-juiz questione Zanin sobre a sua relação com os processos da extinta operação e seu relacionamento com o presidente Lula (PT).

Outros temas espinhosos na sabatina devem envolver a atuação do Supremo, especialmente após o 8 de Janeiro, e casos polêmicos que tramitam na Corte, como a descriminalização de drogas e aborto.

Zanin poderá ficar no STF até 2050, quando completa 75 anos, a idade de aposentadoria compulsória. Ele ocupará a vaga aberta com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski.