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Coronel chora na CPI, nega omissão e diz que 'nada foi normal' em Brasília

Carolina Nogueira

Colaboração para o UOL, em Brasília

26/06/2023 22h24Atualizada em 26/06/2023 22h34

O coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal), chorou com a manifestação de apoio do deputado Maurício Marcon (Podemos-RS), e o presidente da CPMI dos atos golpistas, Arthur Maia (União-BA), suspendeu a sessão por 5 minutos.

O que aconteceu

O deputado defendeu o coronel e o classificou como "preso político". Marcon apresentou vídeos da atuação de Naime durante os atos de 8 de janeiro e fotos dos ferimentos do coronel após as manifestações.

Em vários momentos, o coronel negou a omissão por parte da Polícia Militar do Distrito Federal e reforçou que os integrantes da CPMI tinham que ler os relatórios da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Naime afirmou que a "PM falhou" porque o sistema de inteligência do Distrito Federal não informou o batalhão sobre o risco de invasão aos prédios dos Três Poderes.

Segundo o coronel, a última informação recebida era de que seria uma "manifestação com baixa adesão e baixa agressividade". Isso foi transmitido à PM-DF no dia 6 de janeiro (sexta-feira), relatou.

Isso está relatado no relatório da reunião da Secretaria de Segurança Pública às 10h da manhã da sexta-feira, e ele foi com esse planejamento. Não recebeu nenhuma outra informação diferente disso."
Coronel Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da PM-DF

"Nada normal" em 12 de dezembro

O coronel foi convocado pela CPMI para falar sobre a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal em Brasília em 12 de dezembro do ano passado — isso porque os fatos considerados têm início desde o fim do segundo turno das eleições. Na data, um grupo de bolsonaristas queimou carros, ônibus e tentou invadir a sede da PF, após a prisão de um líder indígena que apoiava o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Naime afirmou que "nada que aconteceu na noite do dia 12 foi normal", ao ser questionado pela relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA).

É uma coisa que a gente nunca viveu em Brasília. Não é um ato normal o que aconteceu na noite daquele dia 12, não é? E, assim, dizer que foi normal não prender? Não. Não foi normal nada. Nada que aconteceu na noite do dia 12 foi normal. A própria prisão não foi normal."

O militar foi convocado para depor na CPMI na condição de testemunha, não investigado. Também foi concedida autorização para que o coronel consultasse seus advogados a qualquer momento do depoimento.

Mais cedo, o ministro Alexandre de Moraes havia permitido que Naime ficasse em silêncio, mas negou que ele pudesse faltar para não sofrer "constrangimentos" no depoimento. Na tentativa de evitar a participação na comissão, a defesa do coronel apresentou um documento argumentando que ele tinha um "quadro depressivo".

O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), determinou que Naime passasse por avaliação da junta médica do Senado. No entanto, mesmo sem o laudo, o coronel resolveu depor. Maia afirmou, contudo, que o grupo de médicos concluiu que o coronel estava "apto" a prestar depoimento.

"Essa junta concluiu que o depoente estava apto, que não tinha nenhuma dificuldade para dar o seu depoimento, como de fato deu e, portanto, confrontando o laudo que foi dado por um médico", declarou o presidente da CPMI. Ele disse que encaminhou os dois documentos ao Conselho Regional de Medicina para que o órgão questione o médico que diagnosticou Naime.