Corrupção e homicídio: os bastidores do barraco no grupo do zap do PL

Deputados do PL protagonizaram discussões acaloradas e troca de acusações pessoais em um grupo do WhatsApp ontem. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal O Globo e posteriormente confirmada pelo UOL.

O embate começou quando Gustavo Gayer (PL-GO) recebeu recomendações de Vinicius Gurgel (PL-AP) para procurar o AA (Alcoólicos Anônimos), em referência a um acidente supostamente causado por embriaguez que teria resultado em duas mortes. Em resposta, Gayer chamou o colega de partido de corrupto, em alusão a uma investigação sobre desvios no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

A discussão teve início por volta das 15h30 de ontem (9), quando o deputado Vinicius Gurgel começou a explicar seu voto a favor da reforma tributária. Isso desencadeou uma troca de farpas que rapidamente se transformou em uma briga generalizada.

Deputados alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que fazem parte do PL, questionaram Gurgel sobre o motivo de ele estar se justificando e insinuaram que ele estaria com peso na consciência. A discussão cresceu à medida que mais deputados entraram na conversa, dividindo-se em forças antagônicas.

Os parlamentares que estavam no PL antes da filiação de Bolsonaro começaram a chamar os aliados do ex-presidente de extremistas e radicais, acusando-os de fazer uma "oposição burra" ao votar contra projetos benéficos para o Brasil.

As trocas de farpas no grupo do WhatsApp do PL não passaram sem respostas. Os deputados alinhados a Bolsonaro afirmaram que seus colegas eram do "grupo extremo centrista e emendista", fazendo alusão ao centrão e às negociações de votos por emendas.

Em meio ao embate, as acusações pessoais se intensificaram, levando o nível da discussão ainda mais para baixo. Gayer recebeu a sugestão de procurar o AA e respondeu chamando Gurgel de corrupto.

Chama atenção o fato de a direção do PL não ter intervindo na discussão por cerca de duas horas. Somente às 17h36, a administração do grupo decidiu limitar as postagens apenas aos administradores, ação atribuída à direção do partido.

O grupo só foi reaberto na manhã desta segunda-feira pelo líder do PL na Câmara, deputado Altineu Cortês (PL-RJ). Surpreendentemente, todos agiram como se nada tivesse acontecido e passaram a parabenizar o deputado Eduardo Bolsonaro pelo seu aniversário no fim de semana.

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Um dos deputados do PL definiu o silêncio e a suposta normalidade da manhã seguinte como "apenas mais um dia normal no PL". O partido está enfrentando uma espécie de guerra fria entre bolsonaristas e membros que já faziam parte da sigla antes da filiação de Bolsonaro, e essa divisão ficou evidente na votação da reforma tributária.

Outro detalhe que chamou a atenção durante a briga no WhatsApp foram os erros de português. Inclusive, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi escrito incorretamente, substituindo o "S" por um "Z".

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