'Dá pra começar uma guerra': os pedidos por armas no QG bolsonarista no DF

Mensagens apreendidas pela Polícia Civil do Distrito Federal mostram que bolsonaristas encomendaram armas a George Washington de Oliveira Sousa, condenado e preso por uma tentativa de atentado a bomba no aeroporto de Brasília, em uma ação golpista no dia 24 de dezembro.

O que aconteceu

Pelo menos dois manifestantes que estavam em Brasília no fim do ano passado pediram armas a Washington. Um deles disse estar "interessado" em uma carabina e o outro cobrou a entrega de uma pistola glock para um colega de acampamento golpista. Eles questionavam o resultado das eleições, que elegeu o presidente Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL).

Washington escreveu que o arsenal dava "para começar uma guerra". Ele mostrou fotos de várias armas para um dos envolvidos.

"Guerra civil" em apoio a Bolsonaro. O fazendeiro Álvaro Canevari, que pediu o armamento, respondeu que eles iriam precisar do material, já que o Brasil entraria "em uma guerra civil" se Bolsonaro não fosse declarado eleito.

O outro pedido partiu de Ermeto Silva dos Santos, que estava no acampamento em Brasília. Investigado por ajudar Washington no plano da bomba, Ermeto Santos mandou áudio ao colega para cobrar a entrega de uma pistola.

Outro lado

A defesa de Washington nega que ele pretendia distribuir armas a outros militantes. A advogada Rannie Karla, que representa Washington, afirmou ao UOL que seu cliente não queria usar o armamento para afrontar o governo eleito.

O UOL procurou Canevari e Ermeto dos Santos desde a última terça-feira (18), mas não houve retorno. Foram feitas tentativas por ligação e mensagens.

"Dá para começar uma guerra"

Washington enviou mais de 20 fotos de armas a Álvaro Canevari, um fazendeiro do Pará. O militante bolsonarista estava em Goiânia e seguiu para a capital federal em 12 de novembro, mesmo dia em que compartilhou as imagens.

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Após mandar as fotos, Washington afirmou que o armamento logo estaria disponível. Canevari deixa claro, por áudio, que aguardava a chegada do colega para conseguir uma carabina.

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Imagem: Arte/UOL

Washington comenta que seria possível começar uma guerra com o material, após descrever alguns itens. Canevari responde que as armas seriam necessárias porque o país entraria em guerra civil se a eleição fosse roubada de Bolsonaro, nas palavras dele.

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Imagem: Arte/UOL

Homem cobrou pistola para colega

Washington foi cobrado pela entrega de uma pistola glock por um parceiro de acampamento golpista. O pedido foi de Ermeto Silva dos Santos, um manifestante investigado por supostamente auxiliar Washington no plano da bomba.

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Ermeto dos Santos chamou Washington para eles irem comprar pólvora, toucas e uma mochila. "Vem umas oito horas para nós ir lá. Tem que ser rápido a missão. Tem que fazer uns protótipos aqui. Tem que fazer e testar, fazer e testar", afirmou. Isso ocorreu em 13 de dezembro.

No dia 17, Ermeto enviou a Washington uma foto, supostamente dele próprio, com um uniforme militar e uma balaclava — touca que cobre todo o rosto. Em seguida, cobrou uma pistola para um colega de acampamento.

"Ei, Washington, o Tiago está perguntando se tu trouxe a Glock dele já", disse por áudio. No relatório policial, não há registro de resposta de Washington ao pedido.

R$ 5 mil de salário, R$ 160 mil em armas

Morador de Xinguara (PA), Washington chegou a Brasília com um arsenal de armas. Já os explosivos, segundo as investigações, foram enviados do Pará quando ele já estava na capital federal.

Washington foi preso em Brasília com oito armas e centenas de caixas de munição. Ele tinha um fuzil, duas escopetas, dois revólveres, três pistolas e uniformes militares. Todas as armas eram legalizadas, mas ele estava irregular porque não tinha direito ao porte.

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À polícia, o militante bolsonarista disse ter gasto cerca de R$ 160 mil com armas desde 2021, quando tirou registro de posse de armas. Gerente de um posto de gasolina, ele ganha de R$ 4 mil a R$ 6 mil por mês, segundo a dona do estabelecimento declarou no processo.

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