Golpe e ameaça armada: quem é bolsonarista preso em fuga para Argentina

O influencer Allan Frutuozo da Silva fez postagens de incentivo aos atos golpistas, incitou uma "fiscalização das eleições" pelas Forças Armadas em caso de derrota de Jair Bolsonaro em 2022 e chegou a sugerir a participação em conflito armado.

Suspeito de atacar a sede da Polícia Federal em Brasília, ele foi preso na quarta-feira (26) no Aeroporto do Galeão enquanto tentava embarcar em um voo e fugir do Rio para a Argentina. A defesa dele tenta reverter o mandado de prisão.

Quem é Frutuozo

Frutuozo incentivou uma eventual intervenção das Forças Armadas ao discursar em um ato bolsonarista no Rio de Janeiro, a quatro dias do 2º turno das eleições de 2022. Ele postou o posicionamento em seu perfil no Instagram.

Não adianta ficarmos reclamando ou sofrendo antecipadamente. Nós temos as nossas Forças Armadas como órgão para estar fiscalizando as nossas eleições (...). A nossa obrigação é virar voto. Se vai ter que quebrar o pau depois, aí não é conosco, é com as Forças Armadas.

Allan Frutuozo da Silva é um dos suspeitos de atacar a sede da Polícia Federal em Brasília
Allan Frutuozo da Silva é um dos suspeitos de atacar a sede da Polícia Federal em Brasília Imagem: Reprodução/TV Globo

Na época, o bolsonarista sugeriu uma eventual participação em um conflito armado ao posar com uma arma de grosso calibre. "Hoje foi dia de treinamento. Nunca sabemos quando vamos precisar", escreveu na legenda.

O influencer postou um vídeo enquanto treinava em um estande de tiros, após a derrota de Bolsonaro nas urnas. "Aproveitando os últimos momentos de liberdade", postou.

Frutuozo também publicou uma série de vídeos dos atos golpistas após a derrota de Bolsonaro nas urnas. Em um deles, um homem diz não aceitar o resultado das eleições nas urnas em uma estrada bloqueada por manifestantes, que atearam fogo na via, e convoca outros golpistas para aderir ao ato.

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Em um vídeo em frente ao QG do Exército em Brasília, em 26 de novembro, o influencer volta pedir intervenção das Forças Armadas. Nele, cita uma carta atribuída a oficiais que estariam exigindo uma ação militar por novas eleições, questionando sem fundamento a legitimidade do resultado do pleito.

O que se sabe sobre o caso

Frutuozo é investigado por suspeita de participar, divulgar e incentivar o ataque ao principal prédio da PF de Brasília no dia 12 de dezembro. Golpistas tentaram libertar um indígena detido naquele dia. O episódio antecedeu os ataques extremistas aos Três Poderes no dia 8 de janeiro em Brasília.

O influencer é suspeito de associação criminosa e coação no curso do processo. Em vídeos da invasão da PF, ele aparece estimulando outros bolsonaristas com gritos de "é guerra" e também fala em "guerra contra comunistas", de acordo com relatório policial.

Há nos autos indícios de que Allan não apenas divulgou os atos delituosos, como também conhecia e colaborava com os propósitos do grupo, inclusive no que se refere ao emprego de meios violentos.
Trecho de decisão da Justiça Federal do DF que decretou a sua prisão

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Frutuozo foi isolado pelos policiais quando tentava passar pela fila da emigração. Já havia um mandado de prisão preventiva expedido contra ele pela Justiça Federal do Distrito Federal desde dezembro.

Depois de preso, Frutuozo foi levado pelos policiais para a penitenciária de Benfica, na zona norte do Rio.

O bolsonarista fez uma transmissão no YouTube e no Twitter para avisar que estava sendo preso. "Parece que realmente vão me recolher. Não percam a esperança no Brasil", postou.

Eu chamei um advogado para cá. Se tiver mais um advogado aí que queira me apoiar, eu estou detido numa sala da Polícia Federal do Galeão. O motivo é: ordem do STF. Mas eles não clareiam qual processo, qual inquérito, o que é.
Allan Frutuozo, em transmissão no YouTube

O que diz a defesa de Frutuozo

O advogado Ronan Alencar confirmou que o mandado de prisão está relacionado aos atos antidemocráticos em Brasília. Mas disse ainda não ter tido acesso ao processo principal, que corre em segredo de justiça no STF.

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Nós já protocolamos uma petição para ter acesso a esse processo para entender melhor toda a acusação e tentar o mais rápido possível reverter esse mandado de prisão.
Ronan Alencar, em entrevista ao canal administrado por Frutuozo

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