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Fundador da Tecnisa diz que foi 'usado' ao repassar mensagens de Bolsonaro

O fundador da Tecnisa, Meyer Nigri, afirmou que repassou mensagens encaminhadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de "suscitar debates" em, segundo ele, "poucos grupos" no WhatsApp. Declaração foi feita em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

O que disse Meyer Nigri:

O empresário disse que "não tinha conhecimento sobre a veracidade ou não do conteúdo". Ele é alvo do inquérito da Polícia Federal sobre supostos diálogos golpistas.

Meyer Nigri afirmou ainda que nem sempre lia as mensagens que encaminhava aos grupos. "Confesso que, às vezes, nem lia a mensagem que repassava", indicou. "Olhando retrospectivamente, considero que fui usado", completou.

Ele confessou que, apesar de repassar as mensagens, não acreditava na existência de fraudes nas urnas eletrônicas. "Jamais aleguei a existência de fraudes nas urnas eletrônicas, até porque não tenho conhecimento técnico. Apenas encaminhei algumas mensagens para fomentar o debate sobre o tema. Aliás, desconheço qualquer fraude nas urnas e reconheço a lisura do pleito ocorrido em 2022", frisou.

O fundador da Tecnisa negou que exista "qualquer possível elo" das mensagens por ele encaminhadas com os atos golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília. "Apenas encaminhei algumas mensagens em poucos grupos fechados de WhatsApp e chats privados com a finalidade de promover o debate. Não tenho esse poder", afirmou o empresário.

Meyer Nigri declarou ainda que não praticou crime e que não teme uma ordem de prisão.

Tendo em vista que apenas repassei algumas mensagens para poucos grupos fechados de WhatsApp, com a única intenção de promover o debate de ideias sobre o conteúdo dela, com o qual muitas vezes não concordava, entendo que não pratiquei qualquer crime. Além do mais, tenho colaborado amplamente com as investigações, sempre me colocando à disposição das autoridades, e, portanto, essa ideia de prisão preventiva me parece descabida, mesmo porque ela é reservada para quem atrapalha as investigações.
Meyer Nigri, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

À PF, esclareci que, por vezes, encaminhei mensagens sem necessariamente concordar com elas ou mesmo lê-las. Caso típico foi a mensagem que questionava a eficácia das vacinas. Aliás, tomei três doses da vacina contra a covid. Olhando retrospectivamente, considero que fui usado.
Meyer Nigri, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Entenda

O UOL obteve acesso, com exclusividade, aos relatórios produzidos pela PF sobre o conteúdo do celular de Meyer Nigri, que foi alvo de busca e apreensão em agosto do ano passado. Ele entrou na mira da PF após uma reportagem do site "Metrópoles", naquele mês, mostrar o envio de mensagens de teor golpista a um grupo de empresários.

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A PF identificou, com o avanço da investigação, que as mensagens falsas disseminadas por Meyer Nigri tinham como origem o então presidente Jair Bolsonaro.

Depois que Bolsonaro lhe enviava as mensagens, Nigri reencaminhava para diversos grupos e contatos de WhatsApp. As conversas ocorreram no período entre fevereiro e agosto de 2022. Por esses elementos, a PF chegou a classificar Bolsonaro como um "difusor de mensagens com conteúdo de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas".

As mensagens

Uma das mensagens é de 21 de junho de 2022, com teor claramente golpista. De acordo com a PF, Bolsonaro enviou a Meyer Nigri um vídeo no qual, inicialmente, o ministro Alexandre de Moraes atesta a confiabilidade da urna eletrônica. Em seguida, uma pessoa desconhecida relata um suposto "esquema para fraudar as eleições".

A PF reproduziu uma imagem do vídeo, que contém a seguinte frase, com letras em caixa alta e caixa baixa: "A ESTRATÉGIA, O PODER, A QUALQUER CUSTO. O POVO TÁ ESPERTO. Compartilhem. PF precisa ver isso. TEREMOS SANGUE!!! GUERRA CIVIL".

O então presidente da República encerrou o diálogo com a seguinte frase: "Eis o enredo das eleições 2022. Você confia nos 3 min do TSE/STF?".

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A PF identificou que o empresário Meyer Nigri encaminhou o vídeo e a frase para dois grupos de WhatsApp, além de contatos em privado.

Meses depois, no dia 8 de agosto de 2022, Bolsonaro encaminhou a Meyer Nigri um texto que circulava nas redes com o seguinte título: "O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil". O documento continha uma série de informações falsas sobre o STF e as eleições. O empresário também encaminhou o texto para seus contatos.

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