PGR interina questionou Lava Jato, PRF e falta de motoristas: 'Pego uber?'

A subprocuradora Elizeta Paiva Ramos assume amanhã (27) como interina a Procuradoria-Geral da República, após os quatro anos de Augusto Aras no comando do órgão.

Elizeta é a vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, cargo que a coloca na chefia do Ministério Público Federal até um nome ser escolhido pelo presidente Lula (PT) e aprovado em sabatina no Senado, segundo o regimento interno.

Transição 'tranquila' e próxima a Aras

Integrantes da PGR consultados pelo UOL avaliam que Elizeta não fará mudanças drásticas e saberá atuar como procuradora-geral interina de forma "tranquila". Uma fonte afirmou que a subprocuradora sabe da importância de conduzir o órgão neste período de transição.

Tradicionalmente, o interino mantém a equipe do antecessor até a escolha de um novo procurador-geral. Membros do MPF dizem que Elizeta não deve fugir à regra —ainda não foi informado se a subprocuradora fará mudanças neste período.

Ao ser eleita vice-presidente do Conselho Superior do MPF, Aras a chamou de "querida amiga". Ambos possuem uma boa relação, segundo o UOL apurou. O procurador-geral apoiou sua indicação ao cargo de corregedora-geral do MP, em 2019.

Felizmente a tenho como uma das pessoas mais amigas e, se sua Excelência tiver a oportunidade de ocupar, ainda que interinamente, a cadeira de PGR, certamente será a responsabilidade que lhe é própria, de maneira que só posso desejar a esta estimada e querida amiga muito sucesso.
Augusto Aras, que deixa a PGR, sobre Elizeta

Apesar da proximidade com Aras, integrantes do MPF avaliam ao UOL que Elizeta mostrou sua independência como corregedora-geral do MPF e ter uma atuação "técnica".

Ela chegou a enviar um ofício interno criticando uma manobra de Aras para blindar um aliado em uma apuração interna.

Na época, a corregedoria solicitou diligências complementares contra um assessor dele. Aras, então, retirou o caso da Corregedoria e o enviou para o Conselho Nacional do Ministério Público, colegiado em que detinha mais influência.

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"Essa avocação me deixou verdadeiramente passada! E mais não digo!", afirmou Elizeta ao jornal O Globo, em 2021.

Quem é Elizeta Ramos

Coordenadora da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial, Elizeta foi responsável por enviar ofícios à Polícia Rodoviária Federal cobrando informações da atuação dos policiais para evitar bloqueios nas rodovias após as eleições.

O documento foi despachado no dia seguinte ao segundo turno, quando as estradas começaram a ser obstruídas.

Antes, Elizeta foi a corregedora-geral do MPF, ficando responsável por sindicâncias para apurar condutas irregulares de procuradores. Foi nesta função que a subprocuradora abriu uma correição interna sobre a forma que a Lava Jato conduziu o acordo de leniência da Odebrecht.

A apuração concluiu que não houve irregularidades. O resultado foi usado pela Associação Nacional do Ministério Público (ANPR) contra a decisão do ministro Dias Toffoli, que anulou as provas obtidas na colaboração da empreiteira.

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Elizeta também apurou a ação de Lindôra Araújo, aliada de Aras, que foi à sede da Lava Jato em Curitiba. Ela ainda cobrou a entrega de dados sigilosos da força-tarefa.

A subprocuradora, porém, viralizou recentemente ao criticar o serviço de motoristas da PGR. Durante a sessão do Conselho Superior, Elizeta afirmou que havia marcado para o servidor buscá-la em casa, mas só soube que isso não seria possível no horário agendado.

Nós vamos ficar com o transporte assim? Cada vez que eu pedir um motorista vai ser uma dolorosa interrogação se ele vai ou não? Eu que vou ter que ligar para cá? Eu vou ter que pegar o Uber? Como é que vai ser isso?
Elizeta Paiva Ramos, criticando o serviço de motoristas da PGR

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