'Se endividamento for necessário para crescer, qual o problema?', diz Lula

O presidente Lula (PT) disse hoje que, se necessário, pode aumentar a dívida pública para viabilizar os investimentos e, consequentemente, o crescimento do país.

O que Lula disse

Lula tem repetido que 2024 será um ano de investimentos, mesmo em meio ao debate de meta fiscal de déficit zero e com dispositivos do novo arcabouço fiscal. De olho no Novo PAC, já deu aval para seus ministros serem "bons gastadores", sem deixar dinheiro no caixa, com intuito de a economia girar.

No encerramento do segundo encontro do Conselhão hoje, no Planalto, ele voltou a criticar os discursos anti-investimentos, que ele se recusa a chamar de "gastos". Segundo o presidente, historicamente os governos costumam dizer que tudo é "muito caro" e, portanto, não pode ser feito. "[Mas] a gente não pergunta quanto custa não fazer as coisas na época certa", argumentou.

É decisão política, não é decisão de mercado. Não é apenas uma questão fiscal, é a gente neste conselho discutir que país a gente quer [...] para a próxima década. Porque, se for necessário fazer um endividamento para esse país crescer, qual é o problema? Qual é o problema de você fazer uma dívida para produzir ativos para este país?
Lula, no encontro do Conselhão

A atitude não é exatamente oposta ao que prega o ministro Fernando Haddad, mas causa preocupação na Fazenda. A equipe econômica tem lutado —e até então vencido— o debate sobre déficit zero e busca tentar apertar os cintos da máquina pública. Na visão de Haddad, só é possível haver mais gastos (ou investimentos) se houver mais arrecadação.

Lula usou como argumento as deficiências em relação à educação básica brasileira. Ele questionou quanto custou ao país não ter resolvido o "problema da educação" nas décadas de 1950 e 1960 e não ter investido em ciência e tecnologia no momento certo.

Entre as promessas, falou em criar novos institutos federais e universidades. "Tudo para nós é sempre atrasado", lamentou, mencionando ainda a independência de Portugal, o fim da escravidão e o voto feminino.

Chega de os nossos gênios terem que sair do Brasil para sobreviver. Vai custar R$ 25 milhões, R$ 30 milhões? Paciência, temos que arrumar dinheiro.
Lula, sobre aumento de investimento na educação

Em 2024, "a economia brasileira não vai decepcionar", completou. Citando recursos liberados a estados via bancos públicos, Lula disse que esse dinheiro vai gerar empregos e "melhoria da vida do povo". Mais cedo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já havia agradecido ao presidente pelos repasses. "Sonhos e esperanças estão sendo viabilizados", comemorou.

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