Sakamoto: Moro, que cresceu nas redes, virou refém do medo de cancelamento
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) teve medo do cancelamento das mesmas redes sociais que tanto usou para seus próprios interesses, afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto no UOL News da manhã desta quinta-feira (14).
Após aparecer aos risos e abraçado com o então ministro da Justiça, Flávio Dino, durante a sabatina na CCJ (comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Moro foi alertado por um aliado em conversa de WhatsApp a não expor seu voto. O Estadão registrou a mensagem no celular de Moro durante a sessão no plenário do Senado
Moro mandou muito bem na arguição dele, de forma civilizada. Pode-se discutir quais interesses ele tem por trás, uma vez que, inclusive, o mandato dele vai ser cassado, vai subir para o TSE. Há interesses e articulações em Brasília e tudo mais.
A questão é que é irônico como uma pessoa como o Moro, que forjou toda sua carreira como juiz nessa relação com redes e mídias sociais [...] É interessante que uma rede que foi muito útil para Moro, o acaba tornando prisioneiro também.
Uma série de políticos acha que podem influenciar as pessoas que o seguem livremente, empurrando essas pessoas para A ou B, sem esquecer que as redes são algo vivo e têm opinião. Uma vez que está forjada aquela opinião e você se coloca contra a opinião daquela massa, você pode ser cancelado.
Moro demonstrou medo de ser cancelado nas redes sociais. É isso: ele acaba refém pelo medo das redes sociais que ele usou para seus próprios interesses.
O que aconteceu
"O coro está comendo". Na mensagem flagrada no WhatsApp de Moro, uma pessoa identificada apenas como "Mestrão" avisa que imagens do ex-juiz abraçado e aos risos com Dino viralizaram na internet.
"Fica frio que ja ja [sic] passa", diz outra mensagem de "Mestrão", tranquilizando Moro. Na sequência, porém, ele orienta novamente o parlamentar: "Não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando".
"Vou manter meu voto secreto", responde Moro. O ex-juiz justifica a escolha: "Eh [sic] um instrumento de proteção contra retaliação''.
O senador não quis declarar o voto no levantamento feito pelo Estadão com todos os parlamentares. Na votação no plenário do Senado, a indicação de Dino para o STF teve 47 votos a favor e 31 contra.
Moro chegou a ironizar a repercussão negativa das fotos em que aparece aos risos com Dino. As cenas foram registradas durante a sabatina na CCJ.
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