Por que Marta foi alvo de disputa na corrida à Prefeitura de São Paulo

A saída tumultuada de Marta Suplicy da Prefeitura de São Paulo para ser vice do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) movimentou o início da pré-campanha municipal.

Por que a ex-prefeita é considerada um trunfo

Marta tem bom trânsito em grupos de centro-direita e é conhecida. Mesmo se desfiliando do PT em 2015, por exemplo, ela manteve boa relação com Lula e o apoiou em 2022.

A experiência como prefeita com os legados positivos na administração municipal também são pontos fortes da sua trajetória. Ela foi a responsável pela criação do Bilhete Único, dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e dos corredores exclusivos para ônibus, por exemplo.

Marta também é uma figura política importante na periferia. A ex-prefeita angariou votos nessas regiões devido aos feitos em sua gestão municipal. Em 2016, quando tentou a prefeitura, Marta foi a candidata mais bem votada em distritos como o da Capela do Socorro, Guaianases, Grajaú, Perus e Cidade Tiradentes, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O PL, que deve apoiar o pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), chegou a sondar Marta para ser vice na chapa. As conversas não prosperaram, porque ela se opõe ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem já chamou de "psicopata".

Além da proximidade com Nunes, Marta foi elogiada no início do ano pela pré-candidata Tabata Amaral (PSB).A deputada federal postou nas redes sociais que suas leituras de início do ano incluíam o livro "Minha vida de prefeita - O que São Paulo me ensinou" da ex-prefeita. "Marta Suplicy foi uma das melhores prefeitas que São Paulo já teve, além de ter sido a segunda mulher a ocupar esse cargo", escreveu Tabata.

Boulos lidera a intenção de voto à Prefeitura de São Paulo, segundo o Datafolha. Em segundo lugar aparece o pré-candidato à reeleição, Nunes, e na sequência Tabata e Kim Kataguiri (União).

Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui.
Trecho da carta de demissão da Marta Suplicy

Boulos almoçou na casa de Marta no último sábado (13)
Boulos almoçou na casa de Marta no último sábado (13) Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress
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Marta precisa ainda se filiar ao PT

Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais na última terça-feira após escolher ser vice de Boulos. A ex-prefeita assumiu a função em 2020, ainda na gestão de Bruno Covas (morto em 2021).

Para se oficializar como pré-candidata a vice na chapa de Boulos, Marta precisa se filiar ao PT. A expectativa é que isso ocorra antes do Carnaval para que ela já comece a atuar na pré-campanha. Uma reunião está marcada hoje no diretório do partido para discutir a filiação dela.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) defende que o partido faça prévias para escolha do vice. Ele sugeriu o nome da vereadora Luna Zaratini — que já negou — e da deputada federal Juliana Cardoso. A indicação de Marta foi feita pelo próprio presidente Lula e articulada pelo deputado Rui Falcão.

Os pontos forte de Marta como sua experiência na administração municipal serão usados pela pré-campanha de Boulos. A chegada dela à chapa reforça a narrativa do combate ao bolsonarismo. A decisão aconteceu devido à aproximação de Nunes com Bolsonaro. O prefeito depende do apoio do ex-presidente para enfrentar Boulos, agora vinculado ao PT do presidente Lula.

Com Marta na chapa, a ideia é conseguir mais votos na periferia — especificamente na zona sul, onde ela sempre teve apoio. A região será estratégica nessa eleição, já que é reduto político de Nunes e abriga também os bairros onde Boulos e Tabata moram na cidade.

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Marta também consegue circular em grupos de empresários e de centro-direita, nos quais Boulos tem mais dificuldade. A figura da ex-prefeita representa um equilíbrio maior para chapa, já que rivais do deputado tem tentado reforçar a pecha de extremista e sem capacidade de diálogo.

Neste ano, temos o desafio de enfrentar e derrotar o bolsonarismo em São Paulo, reeditar uma frente democrática e discutir o futuro.
Guilherme Boulos após se encontrar com Marta

Trajetória política de Marta

Marta votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016. "Estamos olhando para frente, não estamos olhando pelo retrovisor", disse o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ao ser questionado sobre a posição de Marta no impeachment.

Em 2022, essa foi a mesma frase usada pela ex-prefeita para falar da sua reaproximação com o PT. "Não sou uma pessoa de ficar olhando pelo retrovisor, nem na vida pessoal nem na política", disse.

Além de prefeita, Marta já foi secretária, deputada federal, senadora e ministra do Turismo e de Cultura. Ela foi filiada ao PT de 1981 até 2015, quando saiu do partido e migrou para o MDB.

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Em 2018, deixou o MDB, anunciou o fim da carreira política e focou em temas como empoderamento feminino e combate ao racismo. Em 2020, se filiou ao Solidariedade, mas saiu em 2021 para apoiar Bruno Covas (PSDB) nas eleições municipais — desde então, está sem partido.

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