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PF apreende aparelhos que pertencem à Abin em endereços ligados a Ramagem

Caíque Alencar, Colunista do UOL, em Brasília, , do UOL e em São Paulo

25/01/2024 17h10Atualizada em 26/01/2024 16h29

A Polícia Federal encontrou, nos endereços ligados ao deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), um celular e um notebook que pertencem à Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A informação foi noticiada por O Globo e confirmada pelo UOL.

O que aconteceu

Os aparelhos foram apreendidos nos mandados de busca cumpridos hoje. O UOL apurou que foram encontrados pela PF seis celulares e quatro notebooks, sendo que dois desses aparelhos eram da agência. Os mandados fazem parte da operação que mira atuação da Abin sob o governo Bolsonaro.

A PF esteve hoje no gabinete funcional de Ramagem, em Brasília, e na casa dele, no Rio de Janeiro. Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Ramagem foi diretor-geral da Abin entre junho de 2019 e março de 2022. No período em que ele esteve à frente da agência, investigações da PF apontam que o órgão usou ilegalmente um programa espião para monitorar adversários políticos do governo Bolsonaro

O que disse Ramagem sobre os aparelhos

São aparelhos antigos e sem utilização há anos, disse o ex-diretor da Abin. "Se houver computador e telefone da Abin, foram trocados por novos, que foram devolvidos. Estão sem utilização há mais de 3 anos. Estavam no canto, sem funcionamento, e a prova pericial vai demonstrar", declarou, em entrevista à GloboNews.

Aparelhos não tinham contato com o sistema da Abin, afirmou. Ele declarou que poderia ter devolvido, mas não sabia que estavam nos endereços em que ocorreram as buscas. "Poderia ser da Polícia Federal, porque eu tinha direito a custódia e cautela."

O UOL tenta contato com Ramagem, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Moraes negou suspensão do mandato de Ramagem

Moraes disse que não via necessidade de suspensão "nesse momento". "Em que pese a gravidade das condutas do investigado, bem analisada pela Polícia Federal, nesse momento da investigação não se vislumbra a atual necessidade e adequação de afastamento de suas funções", escreveu.

O ministro afirmou, porém, que esse pedido ainda pode ser reanalisado. "Essa hipótese poderá ser reanalisada se o investigado voltar a utilizar suas funções para interferir na produção probatória ou no curso das investigações", disse Moraes.

A PF alega que a atuação de Ramagem está em "descompasso" com as investigações. Isso porque o deputado é membro da CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência) do Congresso e, segundo a corporação, ele tem acesso a informações que não deveria ter na condição de investigado.

PF apura uso ilegal de programa espião

A PF cumpriu hoje mandados de buscas e apreensão contra o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem. Hoje ele é deputado federal. Outros ex-integrantes da sua gestão no governo Bolsonaro também foram alvos da corporação.

Buscas foram realizadas no gabinete de Ramagem na Câmara. Endereços residenciais dele, assim como outros locais, também estiveram entre os alvos.

Ao todo, foram cumpridos 21 mandados, além de medidas cautelares diversas de prisão. Sete agentes da PF também tiveram pedido de suspensão imediata de funções públicas. As buscas acontecem em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.

Alvos são suspeitos de vigiar adversários

Programa consegue dar a localização aproximada de celular de um investigado. Esse software se chama FirstMile. Segundo as investigações da PF, ele teria sido usado, sem autorização judicial, nos três primeiros anos do governo Bolsonaro para monitorar jornalistas e adversários políticos.

Sistema também permite criar histórico de deslocamentos e criação de alertas em tempo real. O recurso pode ser utilizado para monitorar, ao mesmo tempo, alvos que estão em diferentes endereços. Em um ano, é possível rastrear até 10 mil pessoas.

O software foi comprado por R$ 5,7 milhões da israelense Cognyte. A compra foi feita com dispensa de licitação em 2018, no final do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

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