Bolsonaro é alvo da PF e entrega o passaporte
Do UOL, em São Paulo
08/02/2024 08h31Atualizada em 08/02/2024 22h29
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é alvo de operação da PF de hoje que mira grupo que tentou dar golpe após as eleições.
O que aconteceu
Jair Bolsonaro é alvo de busca e apreensão. O mandado foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Os agentes foram até a casa de Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ) para recolher seu passaporte. Como o documento não estava no local, foi dado o prazo de 24 horas para a entrega.
O passaporte foi apreendido no início desta tarde, em Brasília, na sede do PL. A informação foi confirmada por Paulo Bueno, advogado do ex-presidente.
Moraes determinou apreensão de documento de Bolsonaro e outros alvos da ação por risco de fuga. "Frustrada a consumação do golpe de Estado [...], identificou-se que diversos investigados passaram a sair do país, sob as mais variadas justificativas (férias ou descanso), como no caso do ex-presidente".
Decisão também proíbe que investigados entrem em contato uns com os outros, inclusive através de advogados. Assim, Bolsonaro não pode falar com antigos e atuais aliados, como os ex-ministros Anderson Torres e Augusto Heleno e a cúpula de seu partido, como Braga Netto e Valdemar Costa Neto.
Celular do ex-assessor Tércio Arnaud foi apreendido. Ele estava em Angra com Bolsonaro.
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) criticou a apreensão do passaporte do ex-presidente e argumentou que ele sempre esteve à disposição da Justiça. "A medida se mostra absolutamente desnecessária e afastada dos requisitos legais e fáticos que visam garantir a ordem pública e o regular andamento da investigação, os quais sempre foram respeitados", diz a nota.
Ex-assessores são presos
O coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins, ex-assessores de Bolsonaro, foram presos na manhã de hoje. A PF também prendeu Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.
Ex-ministros de Bolsonaro são alvos de busca e apreensão. Entre os nomes estão Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também é alvo da PF.
A PF cumpre hoje 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares. O Exército acompanha o cumprimento de alguns mandados. Quatro generais 4 estrelas são alvos.
Como era atuação do grupo
Segundo a PF, o grupo se dividiu em núcleos para disseminar informações falsas sobre fraude nas eleições de 2022. A ação aconteceu antes mesmo do pleito para "viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".
O primeiro eixo trabalhou para construir e propagar a versão de fraude nas eleições. O grupo espalhou mentiras sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação. Segundo a PF, o discurso é repetido pelos investigados desde 2019 e continuou após a vitória do presidente Lula (PT).
O segundo eixo consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito por meio de um golpe de Estado. Segundo a PF, o grupo tinha apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.