Torres diz em reunião golpista que criou grupo na PF para contestar eleição

Na mira da operação da PF, o ex-ministro Anderson Torres disse ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) ter criado um grupo com membros da corporação para questionar as eleições de 2022. A revelação foi feita em reunião ministerial em julho de 2022. O conteúdo da suposta organização criminosa para manter Bolsonaro no poder foi liberado na íntegra hoje pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O que aconteceu

"Questionamentos necessários". O então ministro da Justiça disse ter criado "uma equipe completa" para "fazer os questionamentos necessários" em relação ao pleito de 2022, que ocorreu três meses após a reunião ministerial.

Grupo com delegados, peritos e agentes. Torres disse que a equipe havia sido montada em conjunto com o então diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira, e contava com a presença de delegados, peritos e agentes.

Apuração de "fraude nas urnas eletrônicas". O ex-ministro falou após Bolsonaro acusar o STF de atuar fora dos limites constitucionais e insinuar que Lula só poderia vencer as eleições se ocorresse fraude nas urnas eletrônicas, segundo apurou a PF.

Participação de Torres "em atos antidemocráticos e golpistas", diz PF. A investigação com base na reunião ministerial indica que o ex-ministro tentou "propagar informações falsas quanto a fraudes e vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação".

Procurada pelo UOL, a defesa de Torres informou que só vai se manifestar após ter acesso aos autos do processo.

Nós montamos um grupo lá. O diretor da Polícia Federal montou um grupo de policiais federais e agora tem uma equipe completa. [São] delegados, peritos e agentes que vão acompanhar o passo a passo das eleições para poder fazer os questionamentos necessários. A gente vai atuar de uma forma mais incisiva. Já estamos atuando.
Anderson Torres, em reunião ministerial com Bolsonaro

Pedido de colaboração a outros ministros

"Senhores, todos vão se foder". Torres alertou os ministros sobre a gravidade das consequências de uma eventual vitória do PT nas eleições, dizendo que o país seguiria o exemplo da Bolívia, presidida por Luis Arce, político de esquerda que venceu as eleições de 2020, sucedendo Evo Morales.

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"Eu quero que cada um pense no que pode fazer". Em seguida, o então ministro da Justiça pediu a colaboração de outros ministros. "A gente precisa atuar agora. É isso que eu tenho buscado fazer. Não estou desrespeitando Poder nenhum e não estou querendo atropelar ninguém. Mas precisa ter algum tipo de observação nisso", disse.

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