Obras emergenciais: Maioria dos líderes da Câmara dos Vereadores silencia
Após reportagem do UOL mostrar que 223 contratos de obras emergenciais em São Paulo apresentam indícios de conluio entre empresas, lideranças da Câmara de Vereadores da capital e candidatos à Prefeitura repercutiram a investigação. O PSOL e o PT protocolaram pedido de abertura de CPI.
O que aconteceu
Apenas três líderes da Câmara dos Vereadores reagiram à reportagem do UOL. Publicada hoje, a investigação aponta que ao menos 223 dos 307 contratos para obras emergenciais sem licitação realizadas na gestão de Ricardo Nunes (MDB) trazem indícios de combinação de preços entre empresas concorrentes.
"O prefeito escancara sua corrupção na cara da cidade". Em nota, a líder do PSOL na Câmara, Elaine do Quilombo Periférico, disse que Nunes "nomeou aliados políticos" e apontou um caso que virou objeto de representação no TCM (Tribunal de Contas do Município) sobre a obra de uma ponte na Vila dos Remédios, zona oeste da capital.
O uso da justificativa de obras emergenciais (na Prefeitura) para não efetivar contratações por licitações é evidente e eu destaco o caso da ponte da Vila dos Remédios, que foi objeto de representação ao TCM, pelo meu mandato. Tinha laudo há dois anos indicando os perigos e necessidade da obra, sendo que ao fim, o prefeito passou como obra emergencial. Ora, se o nome é 'emergencial', o prefeito escancara sua corrupção na cara da cidade ao realizar quase 90% de obras emergenciais do total de obras empreendidas em seu mandato.
Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), vereadora
O vereador Rodrigo Goulart, do PSD, disse que as obras, em princípio, respeitam critérios técnicos. Líder do bloco Podemos-PSD, Goulart avaliou a relação entre o interesse público e o viés eleitoral.
O papel do vereador é de fiscalizar também e até o momento o que soube é que, conforme esclarecimentos já divulgados pela gestão, os processos de contratação de obras emergenciais respeitam critérios técnicos e jurídicos. Espero que a abordagem seja feita de forma que demonstre o interesse público e não o uso eleitoral, como antecipação da campanha.
Rodrigo Goulart (PSD), vereador
A vereadora Cris Monteiro, líder do Novo, disse estar atenta a denúncias apresentadas pela imprensa. Ela informou que analisará as informações e solicitará esclarecimentos da Prefeitura.
Tomei conhecimento do caso pela matéria do UOL. Um dos papéis mais importantes da Câmara de São Paulo é fiscalizar o trabalho do Executivo e o correto uso do dinheiro público. Estamos sempre atentos a quaisquer denúncias apresentadas pela imprensa, analisaremos as informações com cuidado e solicitaremos esclarecimentos do Poder Executivo. Cris Monteiro (Novo), vereadora
O líder do PL na Câmara pediu para "deixar o homem trabalhar". Isac Félix (PL) emitiu nota um dia após a publicação da reportagem indo em defesa do prefeito, dizendo que a população de São Paulo "aprovou 100% das obras emergenciais".
Todas as obras são feitas por solicitação da Defesa Civil e foram validadas por engenheiros de carreira. Todos os valores foram baseados na tabela FIPE, tendo credibilidade, com base, e não um valor aleatório (...) Como Vereador líder do Partido Liberal (PL) na cidade de São Paulo, vejo que a oposição está entrando em desespero diante do enorme trabalho que está sendo realizado Prefeito Ricardo Nunes.
Isac Félix (PL), vereador
Outros 10 líderes na Câmara ainda não se manifestaram sobre a investigação ou não vão falar. O gabinete de Roberto Tripoli (PV) avisou que o vereador está de licença médica.
O líder do governo na Câmara, Fabio Riva (PSDB), não respondeu. Seu companheiro de partido, Gilson Barreto (PSDB), disse à reportagem que não vai comentar sobre as investigações.
Quem foi procurado e ainda não se manifestou:
- Eliseu Gabriel (PSB)
- Senival Moura (PT)
- Sansão Pereira (Republicanos)
- Sidney Cruz (Solidariedade)
- Dr. Milton Ferreira (Podemos)
- Fabio Riva (PSDB), líder do governo
- Milton Leite (União), presidente da Câmara
- Roberto Tripoli (PV)
- Bombeiro Major Palumbo (PP)
Quem não vai se manifestar:
- Gilson Barreto (PSDB)
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Quero receberDeputado Guilherme Boulos cobrou explicações de Nunes. O pré-candidato do PSOL à Prefeitura de SP fala em compadrio e superfaturamento na gestão de seu adversário na eleição municipal deste ano.
A denúncia do UOL é muito grave e aponta um esquema de superfaturamento e corrupção na gestão Ricardo Nunes que não tem precedentes na história de São Paulo. Nós já denunciamos esse absurdo ao Ministério Público no ano passado. Essa é só a ponta do iceberg: o próprio compadre de Nunes, Pedro José (da Silva, CEO da DPT Engenharia e Arquitetura), já foi beneficiado com contratos emergenciais sem licitação. O prefeito Ricardo Nunes precisa se explicar à população paulistana.
Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo
A pré-candidata do PSB, Tabata Amaral, por sua vez, se expressou pela rede social X sugerindo que a atuação do prefeito diz respeito a um "grupo que quer se perpetuar no poder a qualquer custo".
Essa é a Prefeitura do Ricardo Nunes: 223 contratos emergenciais e 4,3 bilhões de reais do bolso dos paulistanos simplesmente torrados em esquemas suspeitos de corrupção, comandados por um grupo que quer se perpetuar no poder a qualquer custo. Chega! São Paulo não pode mais permitir tamanho absurdo
Tabata Amaral, pré-candidata a prefeita de São Paulo, na rede X
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