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Reinaldo: Cassado ou não, e acho que será, Moro acabou como presidenciável

O colunista do UOL Reinaldo Azevedo deu como certa no Olha Aqui! desta segunda (1º) a cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por abuso de poder econômico. O julgamento das ações que podem levar à perda do mandato do ex-juiz começa hoje no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

Os dados indicando abuso de poder econômico são escancarados. São duas ações: abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e caixa 2 de gastos que dizem respeito à pré-campanha. Existe um limite de gastos ao Senado e na pré-campanha ele gastou mais de R$ 2 milhões, que representam 39,7% do que se gastou em toda a campanha eleitoral para o Senado no Paraná. Moro era pré-candidato à Presidência, participou de campanhas do Podemos, depois, em razão de ter a transferência pra São Paulo negada vai pro Paraná e, já no União Brasil, passa a fazer campanha para o Senado, uma pré-campanha que carregava a memória da Presidência. Não há como não se apontar a óbvia desigualdade entre Moro e os demais candidatos (ao Senado). Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

O colunista lembrou que um dos pilares da defesa de Sergio Moro é o fato de que, por ele ser tão conhecido pela população paranaense, não precisaria desses artifícios.

Isso é adivinhação [por parte da defesa]. Gasto excessivo não é adivinhação, é fato. Acho que Moro será cassado já no TRE do Paraná e depois a questão vai para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Até a turma dele já faz esse cálculo, esperar pra ver se conseguem empurrar [o julgamento] pra depois de abril, quando o TSE passa a ser presidido pela Cármen Lúcia, o que daria mais chance ao Moro. Carmen já deu indicações de que pode votar com o Sergio Moro, como na época da Lava Jato, e também contra as teses do Sergio Moro, no caso da anulação das condenações do Lula. O TSE tem sido muito duro quanto ao abuso do poder econômico, é uma forma de fazer valer a legislação eleitoral. Moro será cassado e ficará inelegível. Acho Moro uma figura execrável da política brasileira, mas não é por isso que acho que deva ser cassado, e sim pelos exemplos de gastos exagerados. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo disse ainda que mesmo que Sergio Moro possa concorrer a cargos políticos daqui oito anos, sua vida política está acabada.

Para o bem da política, e não que ele não tenha deixado um rastro terrível, porque a ascensão do bolsonarismo como alternativa viável se deve a ele, surgiu em razão da Lava Jato. A Lava Jato destruiu o meio ambiente da política e permitiu que formações defeituosas na sua origem se tornassem viáveis. Sergio Moro surge no cenário como grande moralista, aquele que vinha para corrigir os males da política. Um dos pilares da sua pregação era acusar os políticos de uso irregular de recursos. Muitas vezes fazia parte do jogo político, mas ele transformou em crime o uso desses recursos e criminalizou, por extensão, toda a política. E assim disse: 'Ninguém presta na política brasileira. Todo mundo é vagabundo, todo mundo é bandido, menos nós'. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Seria muito ruim se essas pessoas não fossem pra política, porque essa prática é muito ruim. Um Ministério Público com essa vocação destrói os países. Quando os principais protagonistas, Sergio Moro e Deltan Dallagnol (ex-deputado federal e procurador da Lava Jato), ele também cassado, se tornam eles próprios postulantes na política - no caso, Sergio Moro à Presidência... Um foi cassado porque renunciou pra não se aplicar a lei. E, no caso de Moro, justamente, [envolvido com] gasto de campanha, lembrando que um dos pilares da Lava Jato dizia que desvios na Petrobras serviam para financiar campanha política. Era a origem da Lava Jato e ele é cassado por valores que ele mesmo prodigalizou. Ele não cumpriu aquilo que ele dizia cumprir. Ele não se levanta mais. Não sei se um dia se elege deputado, mas será um deputado como outro qualquer. Como alternativa de poder está acabado. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

O Olha Aqui! vai ao ar às segundas, quartas e quintas, às 13h.

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