Se soltar Chiquinho Brazão, Câmara vai fortalecer milícias, diz deputada

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) disse UOL News desta quarta (10) que se a Câmara votar pela soltura de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) estará avalizando e fortalecendo a atuação das milícias no país. Ela lamentou que 25 parlamentares tenham votado hoje na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pela liberação do acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Num placar apertado, 39 deputados foram favoráveis à manutenção da prisão.

O caso chegou à CCJ logo depois da prisão dos irmãos Brazão e do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro [Rivaldo Barbosa], que ajudou na mentoria intelectual e obstrução de Justiça, mas houve pedido de vistas. Alertávamos que era para esfriar o acompanhamento da opinião pública. Duas semanas depois, ontem à noite, veio o movimento para soltar o Brazão. E aqui tem uma combinação perversa, de uma turma que defende as milícias, porque elas não existem sem o tentáculo do Estado - seja no Legislativo, de parlamentares que têm envolvimento com milícia, seja no Executivo, seja no Judiciário. Fernanda Melchionna, deputada federal

Nós vimos no próprio assassinato da Marielle a expressão da quantidade de tentáculos dessas organizações criminosas que massacram o povo, assassinam gente todos os dias e exploram de todas as maneiras econômicas a população que vive nos territórios controlados por milícias. Além dos tentáculos, há uma combinação do sindicato dos deputados, um corporativismo da ideia de defesa de privilégios que, na verdade, são inaceitáveis. Nós estamos falando da mentoria intelectual de um homicídio triplamente qualificado por motivações políticas. Fernanda Melchionna, deputada federal

A decisão da CCJ vai ser analisada pelo Plenário. Fernanda Melchionna disse que, na prática, quem não estiver presente durante a votação ou se abster estará votando pela soltura de Brazão.

Precisamos de 257 votos para manter a prisão. Se solto, ele vai continuar a obstruir provas. Estamos falando de milícias com tentáculos em várias esferas, de todos os riscos da sequência de cometimento de crimes. Tem quase 70 páginas da atuação dos irmãos Brazão nas milícias do Rio de Janeiro. Existe um movimento de deputados que defendem, da extrema direita, o que não me surpreende. Outros tantos envergonhados que vão querer sumir [no momento da votação]. Estava dando entrevista, trancado no banheiro, essas são narrativas de quem quer soltar o Brazão pra que ele siga obstruindo provas e para que não consigamos avançar na luta de Justiça. Em relação às milícias, o assassinato da Marielle, com toda a sua brutalidade, é a ponta de um iceberg de organizações criminosas que matam gente todos os dias. Fernanda Melchionna, deputada federal

É preciso enfrentar essas organizações criminosas. Soltar o Brazão seria um péssimo sinal, um registro lamentável da Câmara dos Deputados. Se solto, é a sinalização da Câmara de um salvo-conduto para crimes políticos e crimes contra mulheres, negras, jovens, da periferia e, claro, de proteção às milícias. É aceitar uma lógica paramilitar no Estado e a Câmara avalizar as milícias, que têm muita força no Rio de Janeiro, mas que começam a crescer em outros estados do país. A soltura dessa turma é o fortalecimento das milícias. Fernanda Melchionna, deputada federal

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