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Reinaldo: Bolsonaro usa Marçal para fazer chantagem política com Nunes

O colunista Reinaldo Azevedo disse no Olha Aqui! desta quinta (6) que a relação de Jair Bolsonaro (PL) e do pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, esconde uma pressão política contra o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

Obviamente, Jair Bolsonaro está usando o Pablo Marçal para fazer uma espécie de chantagem política com o Ricardo Nunes. Ele quer emplacar o vice de extrema direita, quer impor uma linha de extrema direita à candidatura do Nunes, que, por sua vez, fez um arco de alianças mais amplo. Agora, depende, claro, do voto dos bolsonaristas. Estava havendo uma certa resistência em ceder ao padrão bolsonarista de campanha, porque também há pesquisas indicando que o Bolsonaro pode ser ali... se dá votos, também tira alguns votos preciosos. E, portanto, é de fato um aliado problemático. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo afirma que Marçal atende expectativas dos bolsonaristas radicais.

E aí aparece essa figura, que surge no mercado eleitoral com um percentual bastante relevante. E não há dúvida que esse percentual bastante relevante é o bolsonarismo raiz, é o bolsonarismo ultrarradical, é o bolsonarismo que não quer conversa, é o bolsonarismo, digamos, místico. É essa gente que está com o Pablo Marçal. Se o Pablo Marçal for alternativa, eles preferem. E é um pessoal que não costuma ter muito raciocínio estratégico não. É um troço meio de crença mesmo: 'Nós somos outra coisa, nós não queremos contato com a política tradicional', ou que nome tenha. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Evidentemente, se o Bolsonaro dá um apoio explícito ao Pablo Marçal, tem dificuldades pra fazer isso, porque existe o PL. O PL fez acordo com outros partidos, mas o Bolsonaro encontrou um modo, um caminho que é o da ambiguidade. Diz o Pablo Marçal: 'Eu não fui lá pedir apoio'. Foi. Ele deu entrevista, ele disse que o Nunes não é o candidato do Bolsonaro, a entrevista está em todo canto. Agora, diz uma coisa como essa, a análise que ele fez: 'Bolsonaro botou uma granada sem pino na mão do Nunes. Então, se ele deixa cair, explode tudo. E, se segura, será uma tensão permanente'. Isso é uma análise interna de como é que o Bolsonaro, de algum jeito, botou o Nunes contra a parede. E, portanto, esse coach passa a ser um elemento importante na definição do candidato da direita e da extrema direita, com o discurso que ele tem, com as práticas que ele tem, que reciclam as piores coisas, dos piores momentos do bolsonarismo. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Posições na direita

Para Reinaldo, Bolsonaro se aproveita do discurso de Marçal e vice-versa. Enquanto o ex-presidente usa o coach para pressionar Ricardo Nunes, o coach, por sua vez, se escora no ex-presidente para galgar degraus na ala direitista.

Porque o discurso dele não é diferente do discurso do Bolsonaro, aquele caos de coisas sem pé nem cabeça, sem começo, sem meio, sem fim — com a diferença que ele tem uma retórica muito mais azeitada que a do Bolsonaro. Ele é treinado para falar pra muita gente, pra engabelar muita gente. É o tipo que consegue juntar pessoas para subir uma montanha, um monte gelado e todo mundo se perde lá — depois, é preciso que os bombeiros procurem as pessoas. Que incentiva gente a fazer corrida sem nenhuma preparação — um rapaz morreu num troço como esse. Que dá dicas de como as pessoas podem se tornar milionárias. Ele próprio se coloca nessa condição, depois de na juventude ter se envolvido num esquema que, inclusive, tinha a ver com assalto a banco — pelo menos na periferia desse troço ele estava. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

E é quem é. E o bolsonarismo resolveu usá-lo. E ele também usa o Bolsonaro. Para os dois é um jogo de ganha-ganha. Ele disse que nem segundo turno vai ter, aquela coisa típica desses coachs. 'Vamos falar, vamos expressar nossa ideia e se a gente tiver nossa ideia clara ela acontece, é só ter convicção'. Isso engabela muita gente, leva muita gente no bico, e está aí. (...) É hoje um instrumento. O Bolsonaro o está usando e ele está usando o Bolsonaro. Para os dois, é bom. Ele ganha algumas posições no campo da direita. Sem precisar disputar nada, ele já vai lá pra cima. E o Bolsonaro usa para pressionar o Nunes. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

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