Bancada do PT entra com ação contra Campos Neto por 'articulação política'
A bancada do PT na Câmara ingressou hoje com uma ação popular contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A ação diz que ele está se articulando politicamente e que isso prejudicaria a imparcialidade necessária para dirigir a instituição.
O que aconteceu
Pedido assinado por mais de 50 deputados, incluindo a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (RS), pede que a Justiça impeça Campos Neto de manifestar apoio político enquanto ocupa a presidência do BC. Segundo os parlamentares, essa movimentação poderia beneficiar determinados segmentos políticos ou grupos econômicos, em vez do interesse público e social.
Ação cita reportagens publicadas na imprensa, que apontam a intenção de Campos Neto de se tornar ministro da Fazenda em uma eventual presidência de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo. "Ao não contestar publicamente as notícias [...], fica claro que o requerido se pauta pelo interesse privado, em notória violação dos princípios da moralidade e da impessoalidade", diz a ação.
Campos Neto deixa o comando do BC no final deste ano, e tem de passar por uma quarentena de seis meses antes de assumir outro cargo, como manda a legislação. Segundo a colunista do UOL Carla Araújo, interlocutores garantem que não há "qualquer possibilidade" de Campos Neto deixar o cargo antes do dia 31 de dezembro.
Processo foi protocolado na Justiça do Distrito Federal um dia após o presidente Lula (PT) dizer que Campos Neto "tem lado político e prejudica o país". "Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que ajudar, porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está", declarou.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anuncia hoje se corta ou mantém a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 10,5% ao ano ou se fará um último corte de 0,25 ponto percentual. Segundo o boletim Focus, pesquisa do BC com instituições financeiras, a expectativa é que a taxa siga inalterada até o final deste ano.
Selic influencia consumo das famílias e todas as taxas de juros do país. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, há o movimento contrário para estimular o consumo. Lula tem defendido reiteradamente uma queda na taxa, mas a autarquia é autônoma desde 2021. A independência do órgão foi aprovada para que as decisões fossem técnicas.
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