Fernanda Magnotta

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Opinião

A candidatura de Biden tornou-se uma armadilha para os democratas

A candidatura de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos representa, hoje, uma encruzilhada profundamente complicada para o Partido Democrata. Depois do debate da noite passada, apesar das inúmeras inverdades e distorções apresentadas por Trump, a grande manchete que dominou as discussões não foi a desonestidade do oponente, mas a presumida fragilidade de Biden.

As críticas não apenas destacaram sua performance hesitante e aparência cansada, mas também sugeriram uma vulnerabilidade que não pode mais ser ignorada pelos próprios correligionários. Tendo 86 anos ao final de um eventual segundo mandato, o debate fortaleceu aqueles que questionam se Biden possui, agora e no futuro, as condições físicas e mentais necessárias para liderar a maior potência do planeta.

Esta percepção não é banal, como os entusiastas do atual presidente ainda tentam sugerir. Muito pelo contrário: ela coloca o Partido Democrata em um dilema estratégico. Se, diante do fortalecimento dessa narrativa de inaptidão junto ao eleitorado, Biden mantém sua candidatura, corre o risco de entregar a eleição "de bandeja" para Trump. Por outro lado, retirar sua candidatura agora poderia ser visto como um atestado de que os democratas persistiram num erro, alimentando a tese de Trump de que o establishment desse partido é incompetente e não confiável.

Além disso, a escolha de Kamala Harris, candidada à vice na chapa de Biden, que é muito impopular, se tornaria um ponto ainda mais crítico, diminuindo ainda mais as chances democratas contra Trump. Como consequência, essa situação desencadearia uma crise interna sobre quem poderia ser uma alternativa viável. O partido hoje é notoriamente fragmentado, carecendo de figuras que consigam dialogar eficazmente tanto com os setores mais conservadores quanto com os mais progressistas. Embora nomes como o do governador da Califórnia, Gavin Newsom, sejam mencionados como possíveis substitutos, permanece em aberto a dúvida de sua viabilidade em uma arena nacional.

Em suma, a candidatura de Biden, embora seja um reflexo da experiência e estabilidade, tornou-se uma armadilha que os democratas precisam urgentemente manejar. A pergunta que não quer calar é: como fazer isso sem dar um tiro no próprio pé?

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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