Senadoras desafiam Alcolumbre de olho na sucessão de Pacheco
As senadoras Eliziane Gama (PSD-MA) e Soraya Thronicke (Podemos-MS) fizeram um acordo para uma delas disputar a presidência do Senado contra Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para suceder o aliado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 2025.
O que aconteceu
Pacto foi fechado no começo do mês. Busca agora é por apoio. A parlamentar que costurar a maior aliança em torno de sua candidatura vai ter direito a concorrer ao cargo. Não foi definida uma data de quando a decisão será tomada.
Encontro definiu visita a todos os senadores. Em jantar na terça da semana passada, Eliziane e Soraya combinaram falar com os demais 79 senadores. A dupla pretende aproveitar o recesso e o período eleitoral, quando o trabalho no Congresso quase cessa, para irem aos estados-base dos parlamentares.
Discurso alinhado de necessidade de representatividade feminina. Elas defenderão que o Senado não pode ignorar uma demanda da sociedade e precisa encerrar uma hegemonia masculina que dura séculos.
Quero convencer meus pares que eles podem fazer história elegendo a primeira mulher para presidir o Senado Federal e acabar com um jejum de 200 anos.
Senadora Eliziane Gama (PSD-MA)
A bancada feminina está disposta a abraçar esse projeto de eleger a primeira presidente do Senado Federal da história. É um ótimo momento para entrarmos na disputa.
Senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS)
A estratégia das senadoras
Caso a candidatura de Eliziane ou Soraya seja confirmada, a escolhida entrará na disputa como azarona. Hoje, há um amplo favoritismo de Davi Alcolumbre (União-AP) para vencer a eleição. Ele comandou o Senado de 2019 a 2021 e conta com apoio do atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Aliados das senadoras dizem que Alcolumbre e bolsonaristas se desentenderam. Eles reconhecem que Soraya e Eliziane não têm a simpatia da oposição, mas apelarão para a divergência com o favorito na tentativa de obter apoio.
Outro argumento vai ser apontar que o atual presidente —e cabo eleitoral de Alcolumbre— priorizou governistas. Como justificativa, dirão que os senadores da oposição não dirigiram nenhuma das principais comissões do Senado enquanto Pacheco esteve no comando.
A oposição também acena com um nome feminino: a senadora Tereza Cristina (PP-MS). A assessoria de Tereza Cristina informou que ela se sente honrada com a menção, mas não avaliou a hipótese.
Companheira de Parlamento e de oposição, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) endossa a sugestão. Ela disse que Tereza Cristina tem todas as qualidades para ser a primeira mulher a dirigir o Senado. "Se a direita tiver uma candidata feminina, com certeza será a Tereza".
Também há um esforço para convencer as 15 senadoras a votar na chapa feminina. A lista inclui parlamentares de oposição alinhadas com o bolsonarismo e as duas ex-ministras de Jair Bolsonaro (PL). Ainda que não sejam vencedoras, Eliziane e Soraya querem criar a tradição de sempre haver uma senadora disputando o comando da Casa.
Chega de ser coadjuvante
Eliziane e Soraya já se reuniram com a líder da bancada feminina no Senado, Leila Barros (PDT-DF). O projeto de candidatura feminina à presidência foi apresentado durante reunião em 10 de julho.
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Quero receberLeila não fala sobre o assunto. Mas o UOL apurou que ela vê com bons olhos o lançamento de uma mulher para concorrer ao cargo, embora seja cedo para garantir a viabilidade da candidatura. A líder da bancada feminina teria dito às colegas que chega de as senadoras serem coadjuvantes.
O governo busca neutralidade, mas foi procurado. Também já foi feito contato com a primeira-dama, Janja da Silva, e com a direção do PT.
Senadoras já falam como pré-candidatas
Eleição vai ser em fevereiro de 2025. Tanto Eliziane quanto Soraya tem esse desejo antigo. As duas também já têm agenda e discurso de pré-candidatas.
Eliziane diz em entrevistas que deseja ser a próxima presidente do Senado. Ela também comunicou esta ambição ao presidente do seu partido, Gilberto Kassab, e ao líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA). O discurso é que nenhum deles apresentou objeção.
Soraya uniu seu partido. Ela foi anunciada como pré-candidata em evento do Podemos Mulher. A presidente da sigla, deputada Renata Abreu (SP), afirmou que "não vai abaixar a cabeça para senador nenhum".
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