Padilha defende Lula sobre Venezuela e critica 'presidente que quer lacrar'

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, defendeu as falas do presidente Lula (PT) sobre as eleições na Venezuela e, sem citar nomes, disse que "tem presidente da República que está aí para lacrar".

O que aconteceu

Ontem (30), Lula cobrou as atas eleitorais, mas afirmou que não houve "nada de grave" ou "de assustador" nas eleições do final de semana. Foi a primeira vez que ele falou sobre o assunto. Para o petista, aliado de Maduro, a contestação da reeleição do ditador pela oposição é "um processo normal".

Padilha afirmou que a postura de Lula e do Itamaraty estão "corretas". "A preocupação do presidente Lula é ter uma postura como país", disse o ministro ao ICL News. O governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória de Maduro, cobrando que os registros eleitorais sejam divulgados publicamente.

Sem citar nomes, Padilha cutucou outras lideranças internacionais. "Porque tem gente que está aí para lacrar, sabe? Infelizmente, tem presidente da República que está aí para lacrar", afirmou. Após a eleição, o presidente chileno, Gabriel Boric, afirmou que não reconhece os resultados apresentados. O presidente argentino, Javier Milei, também não reconheceu o resultado e acusou Maduro de fraude eleitoral.

O ministro também defendeu a postura de Lula de antes do pleito. Aliado histórico de Maduro, o presidente demorou a reconhecer que as prévias do processo eleitoral estavam passando por processos questionáveis, com duas candidatas da oposição impedidas de disputar. "Na minha opinião, [a postura] foi decisiva e contribuiu muito para que tivesse esse processo de participação eleitoral, com quase uma dezena de candidatos de oposição", disse.

Padilha disse ver ainda com naturalidade o reconhecimento da vitória pelo PT. "Os dirigentes partidários, acho que são posições partidárias —e é normal que tenham. Mas tem presidente que está aí para lacrar, surfar nessa onda", ponderou.

Itamaraty cobra atas eleitorais

O Ministério das Relações Exteriores não parabenizou Nicolás Maduro. Em nota divulgada ontem (29), a pasta disse aguardar a "publicação de dados desagregados por mesa de votação".

Eleição na Venezuela foi concluída no domingo, e autoridades do país apontaram vitória de Maduro por 51,2% dos votos. Oposição e líderes estrangeiros denunciaram fraude, e a OEA (Organização dos Estados Americanos) informou hoje que o processo teve "vícios, ilegalidades e más práticas".

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Maduro já foi proclamado presidente nesta segunda. O reconhecimento ocorreu mesmo sem a divulgação das atas da eleição.

Protestos tomaram cidades da Venezuela e deixaram ao menos 11 mortos. Os manifestantes exigem que os votos sejam recontados, e estátuas de Hugo Chávez foram derrubadas.

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