Lula diz que governo Maduro tem 'viés autoritário', mas 'não é ditadura'

O presidente Lula (PT) afirmou que o regime de Nicolás Maduro na Venezuela é um regime de "viés autoritário", mas não é uma ditadura.

O que aconteceu

Lula voltou a dizer que só reconhece a vitória do aliado após a divulgação das atas eleitorais. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele disse que sua sugestão sobre novas eleições não foi bem recebida nem pela oposição nem por Maduro e voltou a pregar cautela.

Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é ditadura, é diferente de ditadura, é um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como conhecemos em vários países do mundo.
Lula, sobre regime Maduro

Lula não explicou, no entanto, quais seriam as diferenças entre os conceitos, mas defendeu diálogo com Maduro. "Eu acho que houve uma precipitação na punição e no julgamento das coisas [sobre a eleição]. Eu disse na França ao [presidente Emmanuel] Macron, ao [chanceler] Olaf Scholz, na Alemanha: 'vocês não poderiam, de pronto, condenar o cara, vamos abrir o diálogo'", afirmou.

Ele contou ainda que o ex-chanceler Celso Amorim, seu assessor especial, quase foi impedido de acompanhar o pleito em Caracas. "Eu fui informado que eles [governo Maduro] tinham pedido para o Celso Amorim não ir para a Venezuela. Eu mandei comunicar a eles que se o Celso Amorim não pudesse ir, eu comunicava a imprensa que a Venezuela estava impedindo o Celso Amorim. Ai deixaram o Celso Amorim ir", contou Lula.

Não reconhece resultado

"Só posso reconhecer se foi democrática se eles botarem a prova de que houve uma eleição", reforçou Lula. Na última quinta (15), ele já havia dito que só deve endossar o aliado após a divulgação das atas eleitorais.

Maduro anunciou sucesso na reeleição após um resultado controverso, contestado pela oposição e pela ONU (Organização das Nações Unidas). O ditador venezuelano demorou para divulgar as atas eleitorais, entregues ao TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) do país, por alegar hackeamento do sistema durante a apuração.

A oposição logo diz: 'eu ganhei', e o Maduro logo diz: 'eu ganhei'. Mas ninguém tem prova. A oposição tem que mostrar as atas para mostrar o resultado. Eles disseram que tiveram 60% do resultado, Maduro disse que teve 61%. Então mostra.
Lula, sobre eleições na Venezuela

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O Brasil tem sido o principal mediador internacional da disputa. Lula tem conversado com diversos países e formou uma frente com a Colômbia para tentar chegar a uma solução pacífica. Ele conversou ontem com o presidente Gustavo Petro sobre o assunto.

Lula refutou ainda o receio de uma possível guerra civil no país. "Há muitos países com disposição de ajudar para que a gente viva em paz na América do Sul", afirmou o presidente.

Resultado controverso e onda de protestos

O resultado da apuração tem sido questionado internacionalmente e gerou onda de protestos no país. Em relatório divulgado nesta semana, a ONU constatou o processo foi marcado por irregularidades e falta de transparência.

Pelo menos 25 pessoas morreram em meio a protestos desde as eleições, em 28 de julho. Segundo a Procuradoria-Geral na Venezuela, a maioria das mortes ocorreram nos dois dias após o pleito, em confrontos entre apoiadores de Maduro e oposicionistas.

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