Deputado negro do PT diz que denunciará colega do PL por gesto racista
O deputado estadual Renato Machado (PT) promete denunciar ao Ministério Público e ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro o colega bolsonarista Renan Jordy (PL), que após desentendimento no plenário fez gesto considerado racista (veja no final do vídeo acima).
O que aconteceu
O desentendimento começou depois que Jordy chamou petistas de "escravocratas" e "claque". A afirmação ocorreu durante uma sugestão de homenagem à influenciadora Jojo Todynho, que recentemente se declarou "preta de direita". "Gostaria de pestar minha solidariedade à artista Jojo Todynho, que saiu da senzala ideológica da esquerda", afirmou. "Verdadeiros escravocratas do século 21, senhores de engenho."
Assim que Jordy terminou, Machado assumiu o microfone e chamou o colega para briga. "Você me respeite. Sou um cidadão de bem, pai de família, pastor evangélico e negro. Se você quiser arrumar problema pessoal comigo, você arruma lá fora", desafiou.
Enquanto Machado falava, as câmeras do plenário flagraram o gesto racista de Jordy. O deputado do PL, que ouvia Machado de pé, esfregou o indicador da mão esquerda no braço direito de seu paletó, de cor preta.
Petista vai denunciar Jordy
A assessoria de Machado diz que Jordy "usou de extrema violência verbal" contra os colegas de seu partido, causando "extrema revolta e indignação". "Renato acabou sendo vítima de crime de racismo, pois Renan apontou para o terno preto, enquanto o colega falava, numa clara alusão à cor da pele do petista", afirmou a assessoria em nota. Procurado, Jordy ainda não se pronunciou.
No Facebook, o deputado do PL falou da discussão, mas não mencionou a acusação de racismo. "Após a esquerda tentar cancelar a artista Jojo Todynho por se declarar 'NEGRA E DE DIREITA', a claque da esquerda em massa tentou destruir a reputação dessa renomada cantora. Em plenário me pronunciei de forma contundente, elogiando a sua postura ao sair da senzala ideológica, e expus a hipocrisia da turma do mais amor e menos ódio", escreveu.
Renato vai encaminhar o vídeo ao Ministério Público e ao Conselho de Ética para que as providências legais sejam tomadas. O racismo é inadmissível em qualquer espaço, e uma casa legislativa deve dar o exemplo no combate a este crime.
Renato Machado, em nota
O deputado Renato Machado não gostou e partiu pra agressão e me ameaçou. Não fui eleito para ter medo de gritos e ameaças. Seguimos juntos por Rio e um Brasil sem senzalas ideológicas!!!
Renan Jordy, em redes sociais
Jojo se declarou- conservadora
Jojo declarou voto no candidato bolsonarista à Prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem (PL), na última sexta-feira (13). Antes, havia indicado apoio ao vereador João Branco (PL), "um pai de criação". No fim de semana, ela surgiu em foto ao lado de Branco, Ramagem e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A influenciadora é famosa entre o público LGBTQIA+, e a publicação gerou críticas em suas redes sociais. A deputada Federal Erika Hilton (PSOL-SP) usou uma frase do pedagogo Paulo Freire para criticá-la: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor". Jojo respondeu dizendo que Hilton tem inveja dela.
Jojo abriu uma live no Instagram para rebater as críticas. Depois de comentar que sua música "Arrasou, viado" era uma "homenagem à comunidade LGBT+", ela disse que estava aliviada por finalmente se declarar uma "mulher preta de direita", e declarou sua intenção de se lançar candidata em 2026.
Qual foi a bandeira que eu levantei? Pedir respeito não é levantar bandeira. Respeito é um dever de todos. Ninguém é obrigado a gostar, mas respeitar todo mundo é obrigado.
Jojo Todynho, em live
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