Lula diz que não vai 'se meter' na escolha de sucessor de Lira na Câmara

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (17) que não vai interferir na eleição que vai definir o sucessor de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, marcada para fevereiro de 2025.

O que aconteceu

"Tenho como prática política não me meter na escolha", disse Lula. "É uma coisa do Congresso Nacional. Como eu respeito a autonomia, o presidente será aquele que foi eleito. Aquele que foi eleito, goste dele ou não goste, eu vou conversar. E vou tratá-lo como presidente da Câmara. É assim que eu faço. Eu não vou nunca apresentar para o presidente da Câmara um projeto de meu interesse pessoal. Eu vou apresentar projeto de interesse do povo brasileiro", afirmou o presidente em entrevista ao jornalista Mário Kertész, da Rádio Metrópole, na Bahia.

Apoiado por Lira, Hugo Motta (Republicanos-PB) já conta com 186 votos. Apadrinhado por Ciro Nogueira, presidente do PP, e por Lira, o deputado já conta, em tese, com os 50 votos da bancada. Também houve sinalização de apoio do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é a maior sigla da Casa, com 92 deputados. Há ainda o próprio Republicanos, com 44 parlamentares. Embora ainda não tenham batido o martelo oficialmente, o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), é muito próximo de Motta e a bancada deve apoiá-lo.

Lula defendeu que educação e saúde não são gastos e disse ficar "muito irritado" quando é acusado de "gastar com o pobre". "Tem gente que fala assim: 'Mas o Lula está gastando dinheiro à toa, o Lula está gastando com o pobre'. Uma coisa que eu fico muito irritado é que [para eles] tudo que o governo faz é gasto. Se um banqueiro disser que está fazendo banheiro, é investimento. Se um banqueiro disser que está arrumando a calçada, é investimento", afirmou o presidente.

Para o petista, gasto é o dinheiro usado com prisões. "Gasto vai ser o dia que eu estiver gastando o dinheiro para fazer cadeia, porque esses jovens não estudaram", disse o presidente.

Para mim, educação não é gasto. Para mim, saúde não é gasto. Porque veja quanto custa para o país uma pessoa doente, veja quanto custa para o país uma pessoa pendurada no INSS e veja quanto custa para o governo uma pessoa saudável. Então é preciso parar com essa bobagem. Lula, em entrevista à Rádio Metrópole

Haddad diz que governo não tem para quem passar "batata quente" de gastos. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro da Fazenda disse na terça-feira (15) o Brasil tem "questões estruturais que precisam ser resolvidas" e está na "ordem do dia" do governo alterar a dinâmica orçamentária e o impacto dela na dívida pública.

Ministro afirmou que Lula "conhece o contexto e está atento". "Temos agora que resolver antes a questão da reestruturação da despesa. Isso vem na frente de qualquer outra coisa", disse o titular da Fazenda.

Entrevista com aliado foi em tom amigável e Lula não foi confrontado. No início da conversa, o jornalista fez uma longa introdução e disse ser um admirador do presidente. Kertész foi prefeito de Salvador por dois mandatos, de 1979 a 1981, e depois, de 1986 a 1989. Em 2002, ele também coordenou voluntariamente o programa de rádio de Lula para a disputa presidencial.

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