'Quatro linhas é o c...': as conversas do general preso pela PF
Na operação que prendeu quatro militares e um policial federal suspeitos de tramarem o assassinato de Lula, Alckmin e de Alexandre de Moraes, a Polícia Federal trouxe à tona uma série de mensagens e fotos que expõem o radicalismo do general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, Mario Fernandes.
O que aconteceu
Mario Fernandes foi preso nesta terça-feira no Rio de Janeiro acusado de participar de trama golpista. Investigação da PF aponta que ele seria um dos militares mais radicais e que chegou a atuar até como elo entre os manifestantes acampados em quarteis generais pelo país após as eleições de 2022 e o governo federal e militares de diferentes patentes.
Ele já havia sido alvo de buscas da PF em outra operação realizada em fevereiro. Foi ao analisar os materiais apreendidos nessa operação, incluindo o celular pessoal dele e dispositivos eletrônicos, como um HD externo, a PF se deparou com um conjunto de novas informações, incluindo um arquivo com plano de assassinato de autoridades e até uma minuta para instituir um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise" após os eventuais assassinatos.
PF também encontrou fotos dele em acampamentos golpistas e trocas de mensagens com radicais. Material foi juntado na representação da PF levada ao STF para solicitar as prisões de hoje. Segundo a PF, as trocas de mensagens de áudio Fernandes com indicações golpistas com diferentes interlocutores começaram a se intensificar em 1 de novembro, logo após o segundo turno das eleições 2022.
A atuação do militar segue a estratégia dos "kids pretos", segundo a PF. Grupo de elite dos militares é especializado em ações e insurgência e na chamada "guerra informal".
A organização criminosa investigada tinha o objetivo de incitar parcela da população ligada à direita do espectro político a resistirem à frente das instalações militares para criar o ambiente propício ao golpe de Estado. Para isso, utilizaram o modus operandi da milícia digital, para disseminar, por multicanais, fake news sobre possíveis fraudes nas eleições de 2022 e ataques sistemáticos a ministros do STF e do TSE.
Esse modo de atuação foi robustecido pelo emprego de técnicas de ações psicológicas e propaganda estratégica no ambiente
politicamente sensível pelo 'kids pretos', instigando, auxiliando e direcionando líderes das manifestações antidemocráticas conforme seus interesses.Trecho da representação da PF contra os suspeitos de participarem de plano golpista
Confira abaixo algumas das mensagens que o general da reserva trocava no WhatsApp com militantes bolsonaristas e integrantes do governo. Diálogos incluem o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje delator, Mauro Cid, que teve que se explicar nesta terça-feira para a PF sobre o teor do material, já que parte dele não constava na delação premiada.
Encontro com Bolsonaro
Vídeo para o comandante do Exército
PF aponta que Fernandes pediu para Cid encaminhar vídeo com conteúdo golpista. O pedido aconteceu no dia em que o então presidente estava reunido com os comandantes das três Forças para discutir a proposta de minuta golpista.
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General mantinha contato com diferentes militares que expunham seu radicalismo. Em 5 de novembro ele recebe uma série de mensagens de áudio do coronel Reginaldo Vieira de Abreu.
'Tem que dar uma forçada de barra'
'Vamos pro vale tudo'
Em outro diálogo, ele conversa sobre uma live feita por um argentino com fake news sobre as urnas. Vídeo foi difundido por bolsonaristas na eleição daquele ano como parte da estratégia para atacar as urnas. O interlocutor, identificado como Hélio Osório Coelho, é nomeado no celular como sendo integrante da "comunidade evangélica" e afirma que estava se reunindo com pastores para discutir sobre o resultado das eleições.
Lideranças de acampamento golpista
Fernandes se comunicava com lideranças do acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. O relatório da PF mostra que o casal Rodrigo Ikezili e Klio Hirano, que tratava de questões logísticas das manifestações, pediu orientações ao general sobre a entrada de tendas e a realização de um churrasco no local. Hirano chegou a ser presa por atuação nos atos de vandalismo em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Lula no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
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