PF suspeita que Cid vazou delação a Braga Netto e blindou general
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teria vazado o conteúdo de sua delação premiada ao general Braga Netto (PL), segundo o relatório da PF. A suspeita se baseia em documentos encontrados na mesa de assessor do general.
O que aconteceu
O material foi apreendido pela PF na sede do Partido Liberal. Trata-se de um texto que estava na mesa do coronel Flávio Peregrino, braço direito de Braga Netto desde o governo Bolsonaro.
Segundo a PF, o documento descrevia perguntas e respostas relacionadas ao acordo de delação. Cabe ressaltar que o texto não tem assinatura. Mas as respostas em vermelho e dadas na primeira pessoa do singular fizeram os investigadores suspeitarem que foram redigidas por Cid.
A suspeita é que as perguntas partiram de Braga Netto. Também militar, ocupando o posto de tenente-coronel, Cid é suspeito de ter aberto o conteúdo de sua delação ao superior hierárquico.
O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente do grupo investigado, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado.
Trecho do relatório de investigação
Generais blindados
O relatório da PF acrescenta que Cid é suspeito de blindar o Braga Netto. O documento não assinado, e suspeito de ter sido elaborado pelo ex-ajudante de ordens, tem um tópico chamado de "outras informações". Neste trecho, o general que é apresentado como um democrata. "GBN (General Braga Netto) não é golpista", aponta o texto.
Outro general citado é Mario Fernandes. "Perguntaram muito do gen Mario", informa trecho do documento apócrifo. O militar é suspeito de liderar o grupo de oficiais do Exército que planejou os assassinatos de Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O relatório aponta que os pais de Cid teriam conversado com Braga Netto sobre delação. A PF sustenta a informação com base numa troca de mensagens entre o general Mario Fernandes e o coronel reformado Jorge Luiz Kormann em setembro de 2023.
O relatório da PF ressalta que o acordo da delação foi homologado três dias antes da conversa. A Polícia Federal cita ainda que Braga Netto é "pessoa interessada em saber o conteúdo do que fora revelado pelo colaborador".
Sobre a suposta delação premiada do Cid, a mãe e o pai dele ligaram para o GBN e para o GH (general Heleno) informando que é tudo mentira.
Mensagem do general Mario Fernandes
Minuta do golpe também é mencionada
O documento encontrado na mesa do assessor de Braga Netto também aborda a chamada "minuta golpista". O relatório da PF trata o material como "minuta do 142". A resposta que se atribui a Mauro Cid foi: "Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular etc)".
O documento também pergunta sobre a atuação das Forças Especiais em dias de atividades golpistas. São citados os dias 12 de dezembro (quando houve incêndio em veículos durante a diplomação de Lula), 24 de dezembro (quando uma bomba foi colocada perto do aeroporto) e o 8 de janeiro (com a invasão das sedes dos três Poderes).
O ministro do STF Alexandre de Moraes tirou sigilo do relatório final da investigação. Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas foram indiciadas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
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