Tales: Última cartada de Bolsonaro é eleger aliado para obter indulto
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem como estratégia eleger aliado nas eleições de 2026 para obter o indulto e se livrar da prisão, informou o colunista Tales Faria no UOL News, do Canal UOL, desta segunda-feira (16).
No inquérito da Polícia Federal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Bolsonaro foi indiciado, em novembro, por três crimes —dois deles estão previstos em uma lei que ele mesmo sancionou quando ainda era presidente, em setembro de 2021; o outro é por organização criminosa.
[Bolsonaro] Vai tentar agora a anistia. É possível que a anistia não dê certo, mas qual seria o último passo da estratégia dele? É o indulto. É eleger alguém ligado a ele e que essa pessoa, ao tomar posse, perdoe. O tire da prisão e aos demais bolsonaristas. Tales Faria, colunista do UOL
No Brasil, o indulto é um benefício que pode ser concedido pelo Presidente da República. O benefício significa o perdão da pena por meio de decreto presidencial e se caracteriza com a extinção, diminuição ou substituição da pena da pessoa beneficiada.
O indulto é um sonho real para o Bolsonaro e os bolsonaristas. E tem exemplo agora nos Estados Unidos. O próprio Biden indultou o próprio filho. Não tenho dúvida de que o Trump vai assumir e indultar muita gente. Então, o Bolsonaro sonha que, se ele não conseguir anistia, se for preso, se tudo isso acontecer, caso ele consiga eleger uma pessoa dele, ele poderá ser indultado. Tales Faria, colunista do UOL
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) são apontados como possíveis nomes para substituir Bolsonaro na candidatura às eleições presidenciais de 2026. Freitas negou essa possibilidade e disse que irá concorrer a reeleição ao governo do estado.
Risco de prisão e inelegibilidade
A Procuradoria-Geral da República vai analisar tudo o que foi levantado pela PF. A expectativa é que o procurador-geral, Paulo Gonet, só apresente a denúncia em 2025 ao STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao grande volume de informações do inquérito e à complexidade do caso.
Caso se torne réu no STF, Bolsonaro só será detido se for condenado. O STF é a última instância do Judiciário, ou seja, não há mais a quem recorrer. No próprio Supremo, porém, o ex-presidente poderia entrar com recursos para modificar ou esclarecer pontos da sentença, o que atrasaria uma eventual prisão.
Em junho, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) também decidiu tornar o ex-presidente inelegível por oito anos, a contar das eleições de 2022. Bolsonaro foi condenado por uma reunião com embaixadores em julho de 2022, a pouco mais de dois meses das eleições. Nela, ele atacou, sem provas, a credibilidade do sistema eleitoral. O encontro foi transmitido pela estatal TV Brasil.
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