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Josias: Manifestação de ruralistas sobre golpe é adequada, mas tardia

Ao defender a apuração sobre o envolvimento de pessoas do agronegócio na tentativa de golpe de Estado, a frente ruralista no Congresso age de forma adequada, mas a manifestação chega tarde demais, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (16).

A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), composta por 340 deputados federais e senadores, defendeu "urgência e rigor" nas investigações sobre a participação de pessoas ligados ao agro na trama golpista. O tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o general Walter Braga Netto, preso no sábado (14), disse que o dinheiro para o suposto plano "veio do pessoal do agronegócio".

É tardia essa manifestação da FPA. Evidentemente não está se falando de todo o agronegócio, mas não há dúvida [de envolvimento na trama golpista]. Isso vem desde a abertura das urnas, quando houve caminhão do agro trancando estradas. Houve evidências muito eloquentes de que o agro ajudou a financiar a manutenção de acampamentos [golpistas]. Isso está muito nítido nessa investigação.

Um dos pontos muito incômodos na investigação da PF, que é consistente, é faltar um detalhamento em relação aos financiadores, seja da fase de planejamento e instigação ao golpe, seja da execução propriamente dita dele.

É compreensível que a frente parlamentar pregue que é inadmissível generalizar. Mas essa manifestação é tardia. Já se fala do envolvimento do agronegócio na trama golpista há muito tempo, e essa frente não se preocupou em vir a público para dizer que eles não se confundem com isso. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, a frente ruralista já deveria ter se manifestado há tempos, pois as investigações da Polícia Federal já evidenciaram a participação de nomes do agronegócio na tentativa fracassada de golpe.

Essa frente parlamentar inclui bolsonaristas fervorosos. Alguns deles são defensores de uma intervenção militar. Hoje, estão escondidinhos e endossando nota até defendendo a punição daqueles que estão enrolados e com provas recolhidas pela Polícia Federal.

Dizer que não se pode generalizar me parece uma manifestação adequada, mas muito tardia. Convém também que eles deem o braço a torcer que deveriam pregar a investigação e a punição lá atrás contra esses integrantes do 'ogronegócio' que patrocinaram atividades golpistas. Josias de Souza, colunista do UOL

Tales: Braga Netto e Bolsonaro ressuscitaram praga do espírito da ditadura

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o general Walter Braga Netto trouxeram novamente à tona o espírito da ditadura que estava adormecido no país, afirmou o colunista Tales Faria.

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Há um impacto muito grande entre os militares e que precisará ser debelado ao longo do tempo. Bolsonaro, Braga Netto e o general [Augusto] Heleno fizeram ressuscitar entre os militares o monstro do espírito ditatorial que levou ao golpe de 1964, entre outras coisas. Fizeram emergir esse espírito de apoio à ditadura e a uma solução ditatorial, golpista.

Isso entra para a história e no ânimo de cada militar. Perderemos muito tempo para poder tirar isso de dentro dos militares. Houve muitos militares de alta, média e baixa patente defendendo ditadura nesse país no período do Bolsonaro e do Braga Netto. Aliás, dentro da caserna, alguns o estão chamando de 'Praga' Netto porque trouxe de novo essa praga da ditadura para dentro dela.

Isso é um terror que demorará para se tirar. É uma doença, uma praga que essa turma toda trouxe para o meio militar. Foi a pior coisa que fizeram: ressuscitar o espírito da ditadura, algo que imaginávamos que havia morrido. Tales Faria, colunista do UOL

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