Lula vai precisar de acompanhamento médico a longo prazo, diz neurocirurgiã
Do UOL, em São Paulo
16/12/2024 13h09
Casos semelhantes ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demandam acompanham médico a longo prazo, entre um e dois anos, avaliou a neurocirurgiã Diana Santana, no UOL News, do Canal UOL, desta segunda-feira (16).
[O Lula] é um paciente que vai precisar de um acompanhamento de um médico neurocirúrgico, por pelo menos um ano, dois anos. Diana Santana, neurocirurgiã
Após sentir fortes dores de cabeça, Lula foi submetido a cirurgia de emergência devido à hemorragia cerebral, no início da semana passada, em São Paulo. Os médicos disseram que o petista evoluía bem, sem sequelas e que permaneceria em observação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
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Na quarta-feira (11), no entanto, um boletim médico revelou que Lula faria um novo procedimento para interromper o fluxo de sangue em uma região de seu cérebro e impedir novos sangramentos. Lula recebeu alta do hospital no domingo (15), mas deve permanecer na capital paulista pelo menos até quinta-feira (19).
O recomendado obviamente é evitar situações de estresse muito grande, estar em contato com outras pessoas, porque isso pode levar a um quadro de infecção da ferida cirúrgica. O ideal, nesses casos, é que ele fique realmente longe de outras pessoas ali, só no contato próximo que ele tem obrigatoriedade. Obviamente, sim, precisa de cuidados, precisa de repouso e precisa estar sob vigilância. Diana Santana, neurocirurgiã
A médica também falou sobre os riscos pelos quais o presidente pode passar durante o tratamento.
Os riscos para esse tipo de procedimento são, principalmente, o risco principal de ressangramento, que na literatura média, no dia de hoje, está em torno de 30% dos pacientes que têm esse tipo de hematoma e que recebem tratamento.
Eles podem ter uma recidiva de hematoma e, às vezes, eventualmente, necessitar de um novo procedimento cirúrgico. Por esse motivo, foi realizado o procedimento de embolização, com o objetivo de minimizar esse risco, que é um dos princípios de ressangramento, que faz complicações aos hematomas.
Há também o risco de infecção. Pacientes que, após a cirurgia, não tem o cuidado adequado ou que se entra em contato com poluição ou com muitas pessoas, tem o risco das bactérias da pele entrarem na cirurgia da incisão, o que pode promover tanto uma infecção da pele quanto eventualmente uma infecção grave, às vezes evolui até com meningite.
São casos muito raros, mas acontecem principalmente se não há um cuidado, um resguardo nesse pós-operatório. Diana Santana, neurocirurgiã
O que aconteceu com Lula?
O presidente Lula se queixou de dores na cabeça no fim da tarde de 9 de dezembro, após o encontro com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Palácio do Planalto.
Lula saiu do Planalto às pressas pouco depois das 18h. A bandeira com o brasão da República, que indica onde o presidente está, só foi arriada por volta das 20h20, e a transferência para São Paulo só foi divulgada na madrugada.
Após passar por exames médicos no Sírio-Libanês em Brasília e ser constatado um sangramento, o presidente foi transferido para São Paulo no avião presidencial, acompanhado por médicos, mas sem uma estrutura hospitalar de UTI. A primeira-dama Janja o acompanhou.
Como foi o procedimento?
O presidente passou por uma embolização das artérias meníngeas, capaz de prevenir sangramentos como o que teve, conforme explicou a reportagem do VivaBem, plataforma de saúde e bem-estar do UOL. O procedimento aconteceu na quinta-feira (12).
A embolização é considerada é uma alternativa pouco invasiva, que pode ser feita para tratar problemas em diferentes órgãos, como miomas, tumores e aneurismas. No caso de Lula, ela foi feita na artéria meníngea média, que fica nas meninges (as camadas que revestem o cérebro e onde foi o sangramento do presidente). A ideia era complementar a cirurgia realizada por Lula na madrugada de terça-feira (10).
O paciente recebe anestesia geral e fica desacordado. Há a entrada de um cateter pela artéria femoral, que sobe pela aorta até chegar ao crânio. Ali, ele identifica a artéria meníngea e entope o vaso. Isso é necessário porque a cápsula da hemorragia não é retirada na cirurgia, pois fica muito aderida ao cérebro. No entanto, ela é muito vascularizada e pode propiciar o risco de novos sangramentos.
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Postou vídeo para afastar rumores
As redes sociais do petista foram usadas para postar um vídeo em que ele aparece caminhando nos corredores do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, ao lado de médicos e da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja.
Nas imagens, é possível ver que o dreno, utilizado para realizar as cirurgias de remoção de hemorragias no cérebro, está protegido por uma fita micropore. Esta foi a primeira aparição pública de Lula desde que ele foi internado na segunda, após sofrer fortes dores de cabeça.
Veja a íntegra do programa: