Falta de mobilização social para ato com Lula no 8/1 preocupa Planalto e PT
Uma baixa presença de movimentos sociais nos atos do 8 de Janeiro na próxima quarta-feira (8) preocupa o Planalto e o PT.
O que aconteceu
O governo Lula (PT) pretende fazer um grande evento. Só no Planalto estão programadas três cerimônias com a presença dos outros Poderes, seguidas por um ato público na praça dos Três Poderes, à frente do Palácio, onde também é esperada mobilização social.
Mas, até agora, não há promessa de grande participação. O PT e movimentos sociais, como centrais de trabalhadores, têm tentado conquistar a base e militantes para encher o evento.
Apoiadores falam em dia útil e temor de violência. O Planalto, por sua vez, diz que o ato é voltado às lideranças e não é um evento de massa, enquanto articuladores do PT afirmam que ação será "animada".
Dificuldade de mobilização
Membros do governo e petistas já assumem que não deverá ter grande participação social. Governistas e petistas têm enviado convites e imagens em grupo chamando as pessoas "com suas famílias" para o ato. Lula, por exemplo, cobrou a presença de todos os ministros, o que fez com que alguns interrompessem as férias no meio.
A resposta não tem sido como a esperada. Os partidos da base e movimentos, como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e CUT (Central Única dos Trabalhadores), entraram em campo para convocar seus militantes e conseguir meios de transporte. Isso inclui estados e cidades mais próximos, como Goiás, com aluguel de ônibus e vans para levar os interessados a Brasília.
Como Lula vai, a presença de um público relevante é crucial. No pontapé da segunda metade do mandato, batendo às portas de 2026, é uma avaliação unânime de que não é possível fazer um ato público, com convocação de filiados e militantes, que não fique cheio.
Este foi o ato que o governo chamou para si. No ano passado, quando marcou um ano da depredação, houve um evento mais simbólico, promovido pelo Congresso Nacional, com a presença dos três Poderes. Mesmo sendo figura central, Lula participou como convidado. Agora, será o anfitrião.
Há um trauma do 1º de Maio. No ano passado, Lula ficou extremamente irritado com o PT paulista, quando viu que o tradicional comício trabalhista em São Paulo, que marcaria um pontapé não oficial da candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) à prefeitura, estava esvaziado.
Dia útil e medo de violência
Após diversos casos de violência, militantes não se dizem tão seguros a participar. Eles citam episódios como o do homem que se explodiu na mesma praça dos Três Poderes no final do ano passado, entre outras possíveis ameaças de bolsonaristas.
No Planalto, diz-se que o engajamento cabe aos movimentos sociais, mas a pressão é forte. Desde o final do ano passado, o PT vem convocando base e filiados para virem ao ato, com montagens que levam também o bordão de "sem anistia" (em referência aos crimes de vandalismo e de tentativa de golpe, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro). Segundo articuladores, isso pode atrapalhar a proposta original e trazer um viés de confronto.
Petistas admitem dificuldades com caravanas. "Muitas pessoas de Goiás estão animadas em participar, outras com bastante vontade, mas é um dia de trabalho e horário comercial, o que dificulta", afirma a vereadora Katia Maria (PT), de Goiânia, uma das articuladoras das caravanas para o ato.
Como será o evento
Estão previstos três atos no Planalto. Os dois primeiros, pela manhã, serão de relançamento de peças degradadas na invasão do 8 de Janeiro. Segundo o governo, 21 obras e peças históricas foram destruídas e vão ser exibidas renovadas.
O relógio de Balthazar Martinot, do século 18, volta depois de dois anos. O primeiro ato foca nesse item, um presente da corte francesa a Dom João 6º, completamente destruído e enviado à Suíça para reparação, que foi feita sem custos, segundo o governo.
O segundo ato celebra Di Cavalcanti. A obra "As Mulatas", do pintor brasileiro, será recolocada no terceiro andar do Planalto, onde fica a sala presidencial. Avaliada em pelo menos R$ 8 milhões, havia sido cortada em sete pontos distintos.
Depois, haverá uma roda de debate entre os Poderes. Todos os presidentes foram convidados, mas parte já avisou que não vai. Os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes deverão representar Luís Roberto Barroso pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e o vice-presidente do Senado, Veneziano do Rêgo (MDB-PB), representa Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ainda não há confirmação sobre a Câmara, que está em recesso.
Por fim, Lula deverá descer a rampa para o ato de "Abraço da Democracia". É neste momento que ele deverá se encontrar com os movimentos sociais e, espera o PT, muitos militantes e apoiadores.
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