Lista das 130 testemunhas dos acusados de golpe vai de Lula a Bolsonaro

26 dos 34 acusados de tentar um golpe de Estado já apresentaram suas defesas e chamaram até o presidente Lula como testemunha. O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro do STF Alexandre de Moraes também figuram na lista.

O que aconteceu

Os denunciados entregaram a defesa prévia na última semana. É a oportunidade de os advogados argumentarem contra a abertura dos processos, que podem dar mais de 30 anos de prisão a seus clientes. A defesa dos demais denunciados ainda pode apresentar defesa até amanhã e indicar mais testemunhas.

Caso a ação penal seja aberta, testemunhas serão chamadas. Os acusados convocaram 130 pessoas até agora. A lista inclui militares de alta patente, ex-ministros, senadores e delegados da PF.

As presenças de Lula e de Bolsonaro se destacam, mas a inclusão não significa que irão depor. Se não ficar demonstrada a pertinência da testemunha para o caso, a Justiça pode negar que eles sejam ouvidos.

Ex-comandante do Exército é o nome que mais aparece. Quatro denunciados já pediram o general Freire Gomes como testemunha. O senador Hamilton Mourão (Republicanos) e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid foram chamados por três denunciados até o momento.

Os acusados também podem desistir de convocar uma testemunha. Mas a lista atual é recheada de autoridades. A relação abaixo contém os 10 nomes mais proeminentes.

Lula, Flávio Dino e Moraes

O trio foi convocado por um militar acusado de planejar assassinatos. O tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo é um dos 'kids pretos' suspeito de planejar matar Lula e Alexandre de Moraes.

A defesa justifica que a oitiva do ministro do STF na qualidade de vítima é 'absolutamente necessária'. Os advogados ressaltam que Moraes foi mencionado pelo menos 43 vezes na peça acusatória.

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Perfis bolsonaristas alfinetaram Moraes nas redes sociais. Eles alegaram que o pedido deve ser negado, mas expõem que o ministro é juiz e vítima na mesma causa.

Quanto a Flávio Dino, a convocação se refere ao cargo anterior. Hoje no STF, ele era ministro da Justiça em 8 de Janeiro.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas Imagem: Foto: Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP

Tarcísio de Freitas

Defesa de Bolsonaro pediu que governador de São Paulo testemunhe. Ex-ministro da Infraestrutura no governo de Jair Bolsonaro, ele conseguiu se eleger no estado em 2022 na esteira do bolsonarismo.

Governador é um dos nomes cotados da direita para disputar a Presidência da República em 2026. Segundo a colunista do UOL Raquel Landim, Bolsonaro fez o pedido de depoimento diretamente à Tarcísio, que aceitou.

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Imagem: Divulgação: Ministério da Defesa

José Múcio Monteiro

O ministro da Defesa do governo Lula foi chamado pelo ex-ministro da Defesa de Bolsonaro. Paulo Sérgio Nogueira, que é general da reserva, quer que atual titular da pasta seja ouvido caso o STF aceite a denúncia.

Nogueira nega ter pressionado comandantes para apoiarem minuta golpista. Sua defesa alega que ele estava alinhado ao comandante do Exército na época, general Freire Gomes, que era contrário à assinatura da minuta golpista.

Investigação aponta que o então ministro da Defesa mostrou a proposta de minuta golpista aos comandantes das três Forças. Sua defesa nega que ele tenha pressionado os militares.

Jair Bolsonaro

Sargento do Exército pediu o próprio ex-presidente como testemunha. Giancarlo Gomes Rodrigues quer que ex-presidente deponha como parte de sua estratégia de defesa. Bolsonaro já é acusado de ser o líder da organização criminosa que planejou um golpe para mantê-lo no poder em 2022.

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Giancarlo é acusado como um dos integrantes da 'Abin paralela'. Militar estava cedido à agência de inteligência em 2022 e atuava como parte do grupo que produzia e difundia dossiês com fake news para manter a retórica golpista, segundo a denúncia da PGR.

Valdemar Costa Neto

Político foi mencionado por um engenheiro acusado de tentar desacreditar a Justiça Eleitoral. Carlos Rocha se diz criador da urna eletrônica e entrou com um pedido de patente do equipamento em 1996.

O acusado comandava o IVL (Instituto Voto Legal) e produziu uma auditoria sobre a eleição. O serviço foi contratado por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro.

O engenheiro alega que o uso político da auditoria é responsabilidade do PL. O partido usou o estudo do IVL para pedir anulação de parte dos votos do segundo turno da corrida presidencial.

Fabio Alvarez Shor

Delegado da PF responsável pela investigação sobre tentativa de golpe também foi arrolado. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Marcelo Câmara, e o agente da PF, Wladimir Mattos Soares, querem que ele seja ouvido. Como revelou o UOL, delegado relatou sofrer ameaças uma semana após indiciar Bolsonaro.

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Wladimir estava atuando na segurança de autoridades para a cerimônia de posse de Lula quando vazou informações a militares golpistas. Investigação aponta que ele estava disposto a auxiliar na trama golpista, inclusive fornecendo detalhes sobre a segurança de Lula.

Já Marcelo Câmara era da mesma equipe de Mauro Cid no Planalto. Ele foi flagrado em diálogos com Cid repassando informações sobre itinerários de viagens do ministro Alexandre de Moraes no final de 2022.

Denúncia aponta que monitoramento era parte do plano golpista que mirava o ministro do STF. Defesa nega crimes e diz que ele apenas teria levantado informações em fontes abertas, e que isso não seria crime.

General, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), senador
General, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), senador Imagem: Andressa Anholete/Agência Senado

Hamilton Mourão

Ex-vice-presidente e atual senador pelo Rio Grande do Sul estava rompido com Bolsonaro no fim de 2022. Ainda assim, ele foi chamado para testemunhar pelas defesas do ex-presidente, do ex-ministro do GSI Augusto Heleno e do general da reserva Estevam Theophilo.

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Atualmente, Mourão é um dos principais defensores dos interesses do Exército no Congresso. Ele também tem sido crítico à condução da investigação sobre a tentativa de golpe. Ele não foi denunciado e nem aparece como suspeito na investigação da PF.

General Freire Gomes

Comandante do Exército em 2022, foi convocado como testemunha por Bolsonaro. A investigação da Polícia Federal apontou que o ex-presidente consultou o general sobre a possibilidade de um golpe de Estado.

Freire Gomes foi contra a intervenção militar. O relatório da PF alega que Bolsonaro continuou tomando ações para preparar o golpe apesar da discordância do comandante do Exército.

O general também está na lista de testemunhas de outros três acusados. Todos são oficiais do Exército. A lista inclui Paulo Sérgio Nogueira, general que foi ministro da Defesa de Jair Bolsonaro.

18 comentários

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Pedro Barroso Neto

Sem anistia nenhuma pra esses senhores.

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Fernando de Camargo Ferreira

O SEGUNDO TENENTE PATETA BOZO RECRUTA ZERO TRAPALHÃO BOBALHAO BRINCALHAO DE PRESIDENTE É O MAIOR ACIDENTE CATASTRÓFICO DA HISTÓRIA POLÍTICA BRASILEIRA ! EX MEDIOCRE SEGUNDO TENENTE EX MEDIOCRE DEPUTADO FEDERAL E EX MEDIOCRE BRINCALHAO DE PRESIDENTE ! MAL EDUCADO GROSSEIRO INSENSÍVEL DEBOCHADO MEDÍOCRE MENTIROSO ALÉM DE SER INCOMPETENTE E DESPREPARADO AO CARGO DE PRESIDENTE !! TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC !!!!

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Luís Henrique Oliveira Nogueira

Hamilton Mourão foi no mínimo omisso

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