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'Votar anistia é interferir em julgamento que nem acabou', diz líder do PT

Do UOL, em São Paulo

26/03/2025 18h42

Votar um projeto de lei para anistiar acusados e condenados do 8 de janeiro seria interferir em um julgamento que nem acabou, afirmou hoje o deputado federal Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL.

Eu tenho argumentado para o presidente da Casa [Hugo Motta, do Republicanos-PB], e para os partidos de centro... eu digo o seguinte: 'o PL [Partido Liberal do qual Bolsonaro faz parte] está vivendo um drama, esse projeto deles não é para o 8 de janeiro e pega toda a trama, do dia 31 de outubro até a sanção presidencial'.

Eu digo a esses líderes que vai ser uma interferência no Judiciário muito séria. Votar a anistia é interferir em um julgamento que nem acabou. O político não pode se esconder atrás de um mandato para atrapalhar uma investigação ou um julgamento. Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara

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O PL da Anistia é de autoria do deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) e foi protocolada em novembro de 2023, nove meses depois que centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal) em protesto contra a vitória de Lula nas eleições. O STF condenou até o momento cerca de 265 pessoas pelos atos golpistas.

Na sessão de hoje, a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados. Eles faziam parte do chamado Núcleo 1, ou "Núcleo Crucial" da organização criminosa, e são suspeitos de conspirar, organizar e estimular a tentativa de golpe ocorrida no dia 8 de Janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Eles [os parlamentares e aliados de Bolsonaro] querem votar isso na semana que vem. Isso aqui é ruim para o Brasil, é ruim para o Congresso. É comprar uma briga com o Supremo. Essa será a batalha que teremos na próxima semana. Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara

Carla Araújo: Bolsonaro sinaliza que deixará de lado estratégica jurídica

No UOL News, a colunista Carla Araújo disse que, após ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) declararem Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, o líder retomou o "cercadinho" de antigamente e sinalizou que irá deixar de lado qualquer estratégica jurídica.

Bolsonaro decidiu não comparecer ao segundo dia da sessão que o tornou réu (diferentemente de ontem). Ele optou por ir ao Senado, acompanhar a sessão ao lado do filho Flávio Bolsonaro e de outros aliados.

E aí, na minha avaliação, é o ex-presidente partindo para uma estratégia completamente política. Ele aparece naquele bolo de aliados, quase como se fosse o cercadinho dele de antigamente. Carla Araújo, colunista do UOL

Após virar réu, Bolsonaro convocou uma coletiva de imprensa, com aliados alinhados atrás dele, como se fosse o "cercadinho" —local usado pelo então presidente para conversar frequentemente com os seus apoiadores. O político atacou o ministro Moraes, negou ter pressionado militares, mas admitiu ter discutido "hipóteses de dispositivos constitucionais".

Tales: Vídeo exibido por Moraes sobre 8/1 foi destruidor para Bolsonaro

Ainda no UOL News, o colunista Tales Faria afirmou que o vídeo exibido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, com sequência de imagens violentas ocorridas no dia 8 de Janeiro de 2023, foi destruidor para Bolsonaro e os seus aliados durante o julgamento de hoje.

Aquele vídeo [mostrado por Moraes no STF] foi fortíssimo, além dos documentos. Foi destruidor. Ele desmontou toda a argumentação da defesa. Tales Faria, colunista do UOL

Moraes mostrou hoje durante a leitura de seu voto um vídeo com cenas de agressão, destruição e incêndios, que ocorreram durante atos promovidos por apoiadores de Bolsonaro. Alguns advogados de defesa de denunciados criticaram a exibição da sequência. Moraes justificou o vídeo de 8 de Janeiro por ser "fato notório" e garantido pelo Código de Processo Penal.

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