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Casos de covid-19 superam 550 nos EUA; Trump defende resposta

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Imagem: Freepik

Em Los Angeles

09/03/2020 07h13

O número de casos confirmados de covid-19 nos Estados Unidos superou ontem os 550, em um momento em que o presidente Donald Trump defendeu a "perfeitamente coordenada" resposta de seu governo à emergência sanitária, que obrigou o cancelamento do torneio de tênis de Indian Wells ontem.

O coronavírus chegou a 30 dos 50 estados americanos e matou pelo menos 21 pessoas, enquanto a capital americana anunciou o primeiro caso no sábado e milhões de pessoas em Califórnia, Nova York e mais recentemente Oregon estão em estado de emergência.

Uma contagem do Johns Hopkins elevou a 554 o número de casos após a confirmação do diagnóstico na Pensilvânia, em Illinois, Massachusetts, Connecticut e Nova Jersey.

Neste cenário, a organização anunciou o cancelamento do torneio de tênis de Indian Wells, do circuito ATP e WTA, um dos mais importantes do calendário do tênis mundial, que começaria nesta segunda-feira na Califórnia.

Trump, acusado de entregar informação errada sobre o surto, culpou os meios de comunicação em um tuíte mais cedo por tentar fazer com que seu governo "fique mal" à medida que aumentam as críticas pelos quase 500 casos registrados.

"Temos um plano perfeitamente coordenado e ajustado na Casa Branca para nosso ataque ao coronavírus", tuitou.

"Agimos de forma muito precoce para fechar fronteiras em certas áreas, o que foi um presente dos céus. O vice-presidente está fazendo um grande trabalho. Os veículos de notícias falsas estão fazendo tudo o possível para que fiquemos mal. Triste!".

Mas Larry Hogan, governador republicano de Maryland, criticou as mensagens de Trump a respeito do surto. O presidente "não se comunicou da forma como eu faria e da forma como gostaria que o fizesse", disse à NBC.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que as autoridades federais de saúde tinham sido "pegas de surpresa" e bloqueado a capacidade individual dos estados de responder.

"Suas mensagens estão por todas as partes, francamente", disse à Fox News.

Trump foi duramente criticado por contradizer reiteradamente os conselhos de especialistas de sua administração em seus pronunciamentos públicos sobre o coronavírus.

"Difícil" operação de desembarque

Enquanto isso, funcionários médicos se preparavam neste domingo para embarcar no navio de cruzeiro Grand Princess, fundeado em frente à costa da Califórnia, devido a um surto do coronavírus com 21 infectados entre as 3.500 pessoas a bordo para controlar os passageiros antes de uma operação de desembarque difícil e sem precedentes.

Espera-se que os passageiros do navio desembarquem na segunda-feira em Oakland, após permanecer quatro dias confinados.

Carolyn Wright, passageira do Grand Princess, disse à AFP que as pessoas assintomáticas puderam sair ontem de seus camarotes pela primeira vez desde a quinta-feira.

A operação para levar os passageiros a terra firme exigirá dois ou três dias, disse o governador da Califórnia, Gavin Newsom, em coletiva de imprensa.

Os passageiros "não serão liberados com o público geral", mas serão transferidos a hospitais para receber tratamento ou a "instalações de isolamento" federais na Califórnia, Texas e Geórgia, disseram funcionários neste domingo.

Centenas de passageiros estrangeiros serão repatriados.

Culpa do presidente

O presidente minimizou a ameaça representada pela epidemia, que matou mais de 3.500 pessoas desde que surgiu na China, sugerindo que os casos estavam "diminuindo substancialmente, não subindo".

Também prometeu falsamente que em breve uma vacina estaria disponível e assegurou, sem ter provas, que a estimativa oficial da taxa de mortalidade era "falsa".

Desde o começo de fevereiro, o governo Trump se concentrou em bloquear as viagens da China e impor quarentenas em um esforço por manter o vírus fora dos Estados Unidos.

Os epidemiologistas asseguram que o esforço de contenção inicial pode ter atrasado a chegada do vírus, mas acusam a Casa Branca de perder tempo com uma estratégia mais ligada à narrativa política do que ao preparo interno.

A principal queixa é a falta de testes provocada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) que desenvolvem seus próprios kits defeituosos, ao invés de usar os aprovados pela Organização Mundial da Saúde. Os críticos também destacam profundos cortes nos CDC.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, disse à NBC que os funcionários estavam "acelerando drasticamente" os testes de coronavírus.

Ele declarou à Fox News que não se podia descartar a possibilidade de seguir o exemplo da Itália de pôr em quarentena grandes setores da população ou inclusive cidades inteiras.

"Não se quer alarmar as pessoas, mas diante da propagação que temos visto, tudo é possível", disse.

O Oregon se tornou o último estado a declarar emergência, ao elevar a 14 os pacientes afetados. A governadora Kate Brown disse que a medida visa a "desbloquear" recursos-chave e estará vigente por pelo menos 60 dias.

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