Topo

Coronavírus tem cura? Recuperação de infecção é semelhante à da gripe

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

28/02/2020 12h31

Resumo da notícia

  • Infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) ainda não tem tratamento específico
  • Sintomas são semelhantes ao de um resfriado, como febre, tosse e falta de ar
  • Processo de cura é semelhante à recuperação de uma gripe
  • Segundo médicos, esse processo depende mais do sistema imunológico do que de um medicamento específico
  • Paciente infectado é considerado curado quando deixa de apresentar sintomas

Com sintomas semelhantes ao de uma gripe, como febre, tosse e falta de ar, a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) ainda não tem um tratamento específico e nem há uma vacina para prevenir a infecção pelo vírus.

Esse cenário, no entanto, não é motivo para pânico, já que na maioria dos casos o processo de cura de uma infecção pelo coronavírus é semelhante à recuperação de uma gripe —e, portanto, depende mais da condição imunológica do paciente do que da existência de algum remédio. A avaliação é de médicos infectologistas ouvidos pelo UOL.

Para casos confirmados da doença, o Ministério da Saúde recomenda repouso e consumo de bastante água. Também podem ser usados medicamentos para dor e febre, como antitérmicos e analgésicos.

"A principal terapia é o suporte", diz Natanael Adiwardana, ligado ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Ele destaca que, em caso de sintomas que trazem algum sofrimento ao paciente (como febre, dor no corpo ou falta de ar), há componentes e máquinas da medicina que podem tirar esse desconforto.

"Mas não existe uma terapia que mate o vírus e cure rapidamente a doença. Quem faz esse processo são as nossas células de defesa", afirma.

Eliseu Waldman, professor do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), explica que a cura de uma infecção viral como a do coronavírus acontece quando há uma resposta do sistema imunológico.

Ele diz que, segundo as informações que se tem até o momento, é possível dizer que alguém está curado da covid-19, nome dado à doença causada pelo coronavírus, "quando a pessoa deixa de ter sintomas e passa a se sentir bem".

Coronavírus liga alerta pelo mundo

"Isso sugere que o sistema imune respondeu ao estímulo e que ela possivelmente não tenha mais nada clinicamente e nem está mais eliminando o agente —no caso, o coronavírus", afirma.

Esta semana, no Japão, uma mulher foi diagnosticada com a covid-19 pela segunda vez. Não se sabe, no entanto, o que aconteceu —se ela pode não ter se recuperado totalmente após o primeiro diagnóstico ou se houve algum erro médico, por exemplo.

Segundo informações da OMS (Organização Mundial da Saúde) compiladas pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, mais de 36 mil pessoas já se recuperaram da infecção pelo coronavírus. Em todo o mundo, foram registrados até o momento mais de 83 mil casos da doença.

Ontem, o médico infectologista David Uip, coordenador do Centro de Gerenciamento do Coronavírus em São Paulo, afirmou que uma vacina contra o vírus que está sendo desenvolvida nos Estados Unidos deve começar a ser testada em um prazo de 3 meses.

Adiwardana lembra a importância de cuidados básicos, como lavar as mãos com frequência, para prevenir infecções virais como a do novo coronavírus.

Segundo ele, também é recomendável evitar comparecer a um hospital ou pronto-socorro ao apresentar sintomas leves de gripe ou resfriado, já que esses ambientes podem contribuir para a disseminação de outros tipos de infecção viral.

Até o momento, o Brasil tem um caso confirmado de infecção pelo coronavírus -trata-se de um homem de 61 anos que esteve na Itália, país que viu disparar os casos da covid-19 dispararem nos últimos dias. Não há, portanto, nenhum caso confirmado de contaminação ocorrida no Brasil.

Prevenção do coronavírus

As medidas de prevenção da infecção pelo novo coronavírus envolvem, no geral, cuidados básicos para reduzir o risco de se contrair ou transmitir infecções causadas por vírus respiratórios:

  • Higiene frequente das mãos com água e sabão ou preparação alcoólica.
  • Não compartilhar utensílios de uso pessoal, como toalhas, copos, talheres e travesseiros
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienização adequada das mãos.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, com cotovelo flexionado ou utilizando-se de um lenço descartável.
  • Ficar em casa e evitar contato com pessoas quando estiver doente.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência

Nancy Bellei, médica infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que o uso de máscara só é recomendado para pacientes com contaminação suspeita e confirmada, para pessoas próximas que tenham contato direto com essas pessoas e para os profissionais da saúde.

"Se tiver um caso confirmado em casa, você tem muito mais chance de adquirir [a doença], então tem uma série de cuidados: tentar colocar essa pessoa dormindo em um quarto sozinha, só uma pessoa da família cuidar dessa pessoa. Quem cuida deve usar uma máscara", diz.

Já no ambiente público, segundo ela, não faz sentido o uso de máscara por quem não tenha tido contato com algum caso suspeito da doença. "Não há nenhuma evidência de que isso traga alguma proteção ou que seja necessário".